GAFES
E FATOS CÔMICOS
Parte 7
Nos Anos 60 a Rádio Clube apresentou,
durante algum tempo, às 6 horas da manhã, um
programa com MILITÃO, O REI DO VIOLÃO.
Militão era um exímio violonista. Conhecia um
número extraordinário de acordes, tirava sons
puríssimos do seu violão e solava com maestria.
Seu repertório de músicas era imenso. O seu
forte era a valsa "ABISMO DE ROSAS" de Dilermando
Reis. Dava gosto ouvi-lo tocar.
Apesar de tão cedo, seu programa recebia inúmeros
visitantes todas as manhãs. Pessoas que iam para o
trabalho e antes passavam na Rádio para ouvir "o
rei do violão", familiares de aniversariantes
que levavam seus nomes para prestar-lhes homenagens oferecendo-lhes
as músicas, e por aí a fora.
Certa manhã um cidadão humilde e muito sério
aproximou-se do palco onde estava o Militão e entregou-lhe
um bilhete. Militão olhando o recado, sorridente e
gentil, disse o seu costumeiro chavão:
- Pois não, meu amigo, com muito prazer
e alegria vou ler o seu recado. Pode ser que eu passe lá
pra tomar uma cervejinha com vocês. Um abraço
pra você e toda a sua família. Faço votos
que essa data se reproduza por muitos anos.
O cara olhou meio assustado e foi embora.
Quando o locutor que apresentava o programa foi olhar o bilhete
viu que se tratava de uma nota de falecimento.
Era mais uma gafe do Militão que, apesar
de extraordinário violonista, não sabia ler.
* * * * *
Eu era locutor da Rádio
Marumby e um dia fui escalado para
transmitir a chegada do Presidente Getulio Vargas a Curitiba.
Fui incumbido de fazer a cobertura da chegada ao aeroporto.
Estava lá na escala: Locutor - Ubiratan, Técnico
- Rüllei.
Com bastante antecedência lá fomos nós.
O Rüllei instalou o equipamento, entregou-me o "Walk-Talk"
recentemente adquirido, fizemos alguns testes e ficamos
aguardando próximos à pista.
Quando o avião pousou foi aquele corre-corre e
bem depressa apareceram dezenas de seguranças vindos
do Rio e policiais locais que fizeram um círculo
em torno do aparelho isolando-o do povão. Após
a sua guarda de segurança comandada por Gregório
Fortunato (cognominado "o anjo negro") o presidente
Getulio desceu do avião e foi recebido pelo nosso
Governador Bento Munhoz da Rocha. Quando ambos foram para
o carro aberto que os esperava, eu tentei furar o bloqueio
e levei uma porção de cotoveladas. Insisti
e após apanhar mais um pouco mudei de lugar, fugindo
de Gregório e sua equipe. Consegui passar. Feliz,
com o pesado "Walk-Talk" na mão, aproximei-me
do Presidente e falei:
- E aqui estamos, prezados ouvintes, ao lado de Sua Excelência
o Presidente da República, Sr. Getulio Dorneles
Vargas. Senhor Presidente, por favor, suas primeiras palavras
ao povo paranaense nessa sua histórica visita a
nosso Estado".
Coloquei o microfone próximo ao Presidente e...
nada. Pensei que ele não tinha ouvido, havia muito
ruído do povão. Falando mais alto, tentei
de novo:
- Vamos tentar ouvir algumas palavras do Sr. Presidente
da República, numa rápida saudação
ao povo paranaense que o espera com carinho.
Outra vez, nada. Nem uma palavra. Apenas aquele sorriso
sem separar os lábios e eu com uma enorme vergonha.
Olhando para o Governador Munhoz da Rocha que sorria,
contornei o carro e fui até ele. Talvez com pena
do jovem e inexperiente locutor, Bento, que era uma figura
extraordinária e um grande orador, fez uma breve
saudação ao Presidente e me tirou da enrascada.
Em seguida o carro deixou o aeroporto indo para o centro
de Curitiba.
Depois que voltamos à Rádio alguém
mais velho me explicou que Getulio Vargas respeitava fiel
e rigorosamente o protocolo e nada fazia fora do que estivesse
previamente estabelecido. Eu nem sabia o que era protocolo
e cheio de boa vontade cometi a grande gafe.
******
Quando eu era Diretor Artístico
da Rádio Clube Paranaense, trouxe muitos cantores
da Rádio Nacional do Rio de Janeiro para se apresentarem
aqui. Era o jeito do público curitibano conhecer
seus ídolos pessoalmente, sem precisar sair de
Curitiba.
Eu os trazia para atuarem sábado e domingo, em
três shows por dia: um na Bedois, um num Clube social
e outro numa boate.
Certa vez eu contratei Jorge Goulart que fazia grande
sucesso.
Para a última apresentação da noite
estávamos na Boate Marrocos, na Rua Marechal Deodoro,
esquina da Praça Zacarias. Os donos das boates
seguravam o show para bem tarde a fim de manter o público
consumindo e dando lucro.
Quase duas horas da manhã, conversávamos
tranqüilamente numa das mesas quando houve um desacerto
entre duas mulheres da boate. Rapidamente foram pro tapa
e logo entraram na briga suas respectivas amigas, gerando-se
um grande tumulto. A mulherada toda ficou ouriçada.
Voavam sapatos, garrafas, pratos e salgadinhos. O proprietário
da boate, aos gritos, tentava restaurar a ordem. Conseguiu,
após algum tempo... e deu-se o silêncio,
algo incomum em tais lugares.
Foi então que Jorge Goulart e eu nos olhamos e
tivemos que cair na gargalhada. Que vexame; estávamos
ambos embaixo da mesa, o melhor local que achamos para
fugir da saraivada de objetos que eram lançados
para todo lado.
Não foi fácil para ele realizar o show que
se iniciou em seguida. A gente não podia parar
de dar risada depois de uma cena tão patética.
(Ubiratan
Lustosa)
* * * * *
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