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A maioria das pessoas tem seu primeiro
contato com a arte teatral quando criança, nas festas realizadas
nas escolas ou nas igrejas freqüentadas.
Não fugi à regra, e ainda guri comecei a participar
das festas paroquiais, no salão de teatro da Igreja do
Imaculado Coração de Maria, na Rua Nunes Machado.
Eu lembro da minha estréia numa encenação
interpretada por diversos piás da vizinhança, inspirada
na história do Pinóquio.
Começava com meu amigo Yari Brandt cantando:
"Com um rústico madeiro
me fizeram tal qual sou,
e meu pai, um carpinteiro,
Pinóquio me batizou!"
Aí, entrava eu:
"Mas vou vivendo contente,
vou vivendo bem feliz;
meu desgosto, unicamente,
é a ponta do meu nariz!"
E a encenação prosseguia
com outros amigos da vizinhança cantando. Foram os primeiros
aplausos que recebi num palco.
Mais tarde, já adolescente, participei das apresentações
do conjunto teatral de amadores composto de Congregados Marianos
daquela igreja. Fazíamos esquetes e peças teatrais
com dramas e comédias. O curioso é que os Congregados
Marianos apresentavam peças cujos personagens eram exclusivamente
do sexo masculino. Por outro lado, as Filhas de Maria faziam as
suas apresentações teatrais apenas com personagens
do sexo feminino. Coisas paroquiais da época.
Muitas festas teatrais foram realizadas
pela minha turma. A renda das mesmas ajudou a construir um edifício
que ainda hoje está sendo útil aos freqüentadores
daquela igreja.
Dentre as peças apresentadas, lembro-me de uma chamada
"31 de Março", cujo autor não recordo.
Focalizava as lutas entre os pequenos e os grandes proprietários
de terras no interior brasileiro. O papel principal era de meu
irmão Clayton Lustosa.
Certa vez, em outra peça, fiz o papel de São Tarcísio,
um mártir da Igreja que morreu menino. O papel do centurião
convertido que me defendeu foi feito por Arlindo Bessa, pai de
Reinaldo Bessa, hoje brilhante jornalista e apresentador de TV.
Outra apresentação que recordo
foi de "Os Dois Corcundas", uma divertida comédia
em que o Clayton e eu fazíamos os corcundas.
E assim fomos participando desse conjunto teatral, em Curitiba
e cidades vizinhas, até que um dia, com o atrevimento da
adolescência, eu escrevi a minha primeira peça: "Herdar
é Humano", uma comédia de costumes em que criei
os personagens de forma adequada ao jeito de interpretar de cada
um dos meus colegas. O Alceu Bessa, irmão mais velho do
Arlindo, era muito brincalhão por natureza e fez o papel
mais cômico da peça. Waldemar Bertollin, Clementino
Carraro, Alfredo Cruz e meu irmão Clayton, entre outros,
também participaram dessa aventura. Eles fizeram sucesso.
Foi uma longa temporada em que atuamos em diversos teatros da
Capital e do interior do Paraná.
Os anos passaram. Diretor Artístico
da Rádio Marumby, criei, juntamente com Isis Rocha, o programa
"Ciranda Infantil".
Isis tinha experiência cênica, pois, como cantora
lírica que era, havia participado de diversas operetas
apresentadas pelo "Grupo Experimental de Operetas" do
Paraná.
Encantados pelo grande talento daquelas crianças que participavam
do nosso programa, em 1.956 criamos um elenco de teatro exclusivamente
infantil. Demos o nome de "Teatrinho Marumby". Mais
tarde, quando o "Ciranda Infantil" foi para a Rádio
Clube Paranaense, mudamos o nome para "Teatro Infantil Paranaense".
Tínhamos por lema: Atores, não sabemos se conseguiremos
criar... mas com certeza criaremos platéias para o futuro.
Na verdade, quando se adquire o gosto pelo teatro durante a infância,
admira-se essa arte para o resto da vida.
Fizemos inúmeras apresentações em locais
variados. Encontramos uma dificuldade: as peças para crianças
eram feitas para serem interpretadas por adultos. Resolvemos,
então, escrever as peças para o nosso grupo.
Em 1.957 lançamos "O Rei e o Sapateiro" e lotamos
o "Auditório Salvador de Ferrante", no Teatro
Guaira.
O administrador do teatro, Xiriríca, vibrando com o sucesso
da nossa criançada, entusiasmado colocou cadeiras pelos
corredores.
Capa do Programa da
Peça
Elenco da Peça
Depois, quando Ary Fontoura assumiu a direção do
Teatro de Bolso, na Praça Rui Barbosa, ele gentilmente
nos cedeu um espaço nessa casa de espetáculos. Alí
guardávamos os trajes das peças. Aos sábados
à tarde fazíamos os ensaios e nas tardes dos domingos
realizávamos as nossas apresentações.
E escrevemos outras peças: "A Flor do Moinho"
e "A Fadinha Sapeca". Em todas elas nossos atores mirins
sempre se saíram muito bem e sempre tivemos excelentes
platéias.
Ao sair do ar o programa "Ciranda Infantil", encerramos
as atividades do "Teatro Infantil Paranaense".
Capa do Programa da
Peça
Elenco da Peça
Ficou a lembrança de uma meninada talentosa, da qual consigo
citar alguns nomes: Veraluz Zicarelli, Deolice Maria Drucz, Rosemary
Tavares, Vera Maria Toniolo, Edno Alves, Sebastião Neves,
Rosemaly Alves, Doroti Ferrer, Miriam Mokwa, Clóvis Roberto,
Aracy Souza, Roni Ravaglio, Shirley Terezinha, Wander Machado
Filho, Luiz Fernando Bertollin, Nelson Alves, Irineu Marden Rocha,
Silvério Antonio, Wilson Roberto, Dora Eliza, Zezinho Tavares.
Capa
do Programa da Peça
Elenco
da Peça
Só em 1.973 voltei a escrever para o teatro
de crianças, desta feita para elencos de atores adultos.
A peça "As Aventuras do Príncipe Zambar"
foi encenada, numa temporada, por um conjunto estudantil sob a
direção de Telmo Faria. Em outra ocasião,
a "CENA - Produções Artísticas"
apresentou essa peça. Participaram dela os atores Danilo
Avelleda, Vera Evangelista, Daniel Sobrinho, Ailton Serpe, Tereza
Saraiva e Lourival Jensen. A direção foi de Hugo
Duarte com assistência de Danilo Avelleda. As apresentações
foram feitas no "Auditório Salvador de Ferrante"
do Teatro Guaira e, na continuidade, em outros locais.
Capa do Programa da
Peça
Programa com Elenco da peça
Valeu, e muito, a minha experiência
nessa atividade artística. No meio teatral, não
obstante a rivalidade natural entre atores e conjuntos, formam-se
grandes amizades e aprende-se a trabalhar em equipe. Do bom desempenho
de cada um depende o sucesso de todos. E cria-se uma grande união.
Por outro lado, ao escrever peças teatrais você dá
espaço a sua criatividade, você aprende e ensina,
enaltece e critica, e de alguma forma, através da fantasia
você pode ajudar a criar uma nova realidade.
Elenco
do Teatro Infantil Paranaense na peça "A FLÔR
DO MOINHO": Clóvis Roberto, Shirley Terezinha,
Wander Machado Filho, Veraluz Zicarelli, Edno Alves, Deolice
Maria e Rosemaly Alves
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Cartaz
anunciando peça do Teatro Infantil Paranaense
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Albertinho
Carazzai, na peça "A FADINHA SAPECA"
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Veraluz
Zicarelli, na peça "A FADINHA SAPECA"
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Edno
Alves de Souza (sentado) e Clóvis Roberto de Paula,
em cena da peça "A FLÔR DO MOINHO"
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Nelson
Alves na peça "A FLÔR DO MOINHO"
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Rosemaly
Alves e Deolice Maria, na peça "A FLÔR
DO MOINHO"
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Rosemery
Tavares, a princesa Themis da peça "O REI
E O SAPATEIRO"
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Edno
Alves de Souza e Vera Maria Toniolo na peça "O
REI E O SAPATEIRO"
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Clóvis
Roberto interpretando o Rei Osires na peça "O
REI E O SAPATEIRO"
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Deolice
Maria (segurando a vassoura) e Vera Lúcia na peça
"A FADINHA SAPECA"
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Luiz
Fernando, Clóvis Roberto, Edno Alves, Wander Machado
Filho e Veraluz Zicarelli em cena da peça "A
FLÔR DO MOINHO"
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Programa
da Peça "HERDAR É HUMANO"
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