GAFES
E FATOS CÔMICOS
Parte 3
Os discos antigos eram facilmente quebráveis
e a Rádio Clube Paranaense tinha uma discotéca
enorme cuidada com muito zelo. O Discotecário selecionava
as gravações para cada programa separadamente
e levava ao Operador de Som com a respectiva relação.
Para fazer isso, tinha que atravessar todo o auditório
ou subir uma escada, passar por um grande corredor, descer e
ir à cabine do Operador. Para não dar muitas viagens,
Édwin Scott Balster procurava reunir as gravações
para diversos programas e levava aquela pilha de discos pesadíssima.
Isso era feito contra a vontade de Jacinto Cunha que já
o advertira sobre o perigo de quebrar algum disco. Um dia, mesmo
proibido, Édwin voltou a levar aquele peso enorme, confiante
de que ninguém o veria. Errou o pulo. Jacinto estava
na sala do Eolo Cesar de Oliveira, no início do caminho,
flagrando o infrator. E foi aquela bronca! "Eu já
disse pra você que deve levar aos poucos. Não quero
que carregue essa quantidade enorme pois pode quebrar um disco!"
E, ante o assustado e estático Edwin, bradou: "Largue
já esses discos!" E o Édwin largou. Da pilha
inteira sobraram poucos. Nunca ele tinha sido tão obediente...
e destruidor.
* * * * *
Orlando Albérti era um especialista em
Código Morse. Ele mantinha uma atividade de grande importância
para as emissoras de rádio e jornais de antigamente:
recebia em Morse os noticiários das Agências de
Notícias internacionais e fornecia aos veículos
de comunicação que eram seus clientes. Era o único
a fazer esse serviço. Recebia as notícias em Morse,
decodificava já datilografando em papel estêncil,
tirava as cópias num mimeógrafo a álcool
e enviava aos seus clientes. Era muito inteligente e gostava
de passar trotes. Muitas vezes, no meio das notícias,
ele aprontava as suas, pegando de surpresa os locutores menos
avisados. Vou contar um desses marotismos. Veio a notícia
que em Londres, num acontecimento de rara frequência e
muita repercussão, a Rainha da Inglaterra foi ao Parlamento
britânico para fazer um pronunciamento. O Alberti, maliciosamente,
encerrou assim a notícia que todas as emissoras colocaram
no ar: "Quando a Rainha entrou no Parlamento, todos os
membros ficaram em pé."
* * * * *
A Bedois tinha duas emissoras de Ondas Curtas,
em 25 e 49 metros. A cobertura era internacional, mas em algumas
regiões brasileiras mais próximas a sintonia não
era satisfatória. Por isso, ansiávamos por ter
uma emissora de Ondas Curtas em 31 metros que já havíamos
requerido. Depois de muita luta, conseguimos a concessão.
Acontece que a emissora não dispunha do numerário
necessário para comprar o transmissor. Como o Dentel
determinava um prazo para a instalação e já
havíamos solicitado e obtido diversas prorrogações,
um dia recebemos o ultimato: "ou instalam ou perdem o direito".
A Bedois já pertencia à Fundação
Nossa Senhora do Rocio e, após uma luta enorme e dificuldades
sem conta, conseguimos comprar o transmissor e instalar. Um
dia, fomos à séde dos transmissores, no bairro
do Atuba, para a inauguração festiva. Presentes
o Arcebispo de Curitiba e todos os Diretores da Fundação,
autoridades civís, militares e eclesiásticas,
na qualidade de Diretor Gerente fui dar o discurso inaugural.
Após saudar a todos os presentes, falei assim: "Dentro
de instantes, ao ser pressionado um botão, a nossa emissora
de Ondas Curtas em 31 metros será oficialmente colocada
no ar por Sua Excelência Reverendíssima, o Arcebispo
Metropolitano de Curitiba, Dom Manuel da Silveira D'Elboux..."
e parei de falar ao ver o olhar de espanto das pessoas presentes.
Acontece que Dom Manuel já havia morrido fazia tempo,
e o Arcebispo que alí estava era Dom Pedro Fedalto que
tanto havia prestigiado a Rádio Clube e com o qual eu
me encontrava quase todos os dias.
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Transmissores
Atuba
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