GAFES
E FATOS CÔMICOS
Parte 19
JOGO CHATO
Mário Vendramel no início de sua carreira
atuou na Rádio de Cornélio Procópio. Era narrador de futebol.
Certa vez, transmitindo um jogo, interrompeu
a narração dizendo para os ouvintes que tinha "algo muito
importante a informar". Para surpresa
geral, anunciou:
- E agora amigos aqui está o japonês
TANACARA que vai contar algumas piadas para vocês.
E de fato, enquanto o jogo corria, um
humorista contou uma porção de anedotas. Só depois o Mário
voltou a narrar futebol. Certamente
o jogo devia estar muito chato.
Só o Mário para aprontar uma dessas.
*****
ENROLANDO A LÍNGUA
Colombino Grassano, figura expressiva de nossa
política, foi deputado, secretário de Estado, Chefe da Casa
Civil do Governador, entre outras coisas. Quando jovem Colombino
Grassano foi um excelente radialista. Ele também não escapou
de uma bela enrolada de língua e, certa vez, transmitindo
uma apresentação do faquir Silki, Colombino saiu com essa:
- E agora o faquir Silki faz algo impressionante, prezados
ouvintes. Ela está deitando numa cama cheia de ESTILHAÇOS
DE LEITE.
Estilhaços de leite?... Ele queria dizer estiletes
de aço.
*****
RECORDAÇÕES DA CASERNA
No programa "Revivendo" que apresento na Rádio
Paraná Educativa, certa vez homenageei os meus colegas de
CPOR, contando para os ouvintes alguns causos de caserna ocorridos
com nossa turma. A gente se encontra todos os anos, no dia
25 de agosto, em jantar de fraterna comemoração e aproveita
para reviver os tempos de farda.
Vou contar pra vocês também.
Alguns dos alunos recebiam funções específicas nos acampamentos
e nos exercícios do CPOR - Centro de Preparação de Oficiais
da Reserva.
Certa vez, estávamos acampados no Pinheirinho, na época um
bairro totalmente descampado que nos parecia tão longe do
centro de Curitiba e onde hoje é o Quartel General. Num exercício
de tiro o Dylon Léo Kierski e o Lourival Harri Saade ficaram
incumbidos de atuar com um morteiro.
O Lourival, que a turma havia apelidado de Caxias, era o que
operava o sistema de direcionamento e o Dylon, apelidado de
Cai-Cai, armava o tripé e colocava a granada para o lançamento.
Não era festim, era tiro real, era pra valer. E o Cai-Cai
com todo cuidado ergueu a granada com as mãos, colocou-a no
cano e depressa tapou os ouvidos e se agachou. A granada foi
para baixo e estranhamente não voltou. Não sei por que cargas-d'água
não detonou. E aí deu o desespero na turma que se jogou no
chão, na grama úmida, com medo de uma explosão.
Não aconteceu nada. Passado o susto o morteiro foi cuidadosamente
desmontado e a granada retirada, ilesa, mas foi um susto danado,
um medo sem tamanho que ficou na lembrança de todos.
O que hoje causa admiração é que ali no Pinheirinho a gente
fazia exercícios de tiro com morteiros e metralhadoras. Hoje
a região está toda habitada e seria impossível fazer isso.
* * * * *
A REVOLTA DA MULA
No CPOR, conforme eu falei anteriormente,
por ocasião dos acampamentos a gente recebia tarefas específicas.
Enquanto cursei o 1º ano eu fui condutor de muar, mulas em
geral. Outro que recebeu essa incumbência foi o HENRIQUE PAULO
SCHMIDLIN, montanhista e ambientalista conhecidíssimo que
tem o apelido de Vitamina. Um cara muito legal.
Certa vez, em frente ao quartel da Praça Oswaldo Cruz, onde
hoje é Shopping Curitiba, a tropa se preparava para iniciar
marcha para mais um acampamento. Como vocês sabem, a turma
da infantaria vai a pé. O Vitamina estava colocando a metralhadora
no lombo do animal quando o Ducastel Nicks, o Duca, imprudentemente
espetou o traseiro da mula com um cigarro aceso. Nossa! Foi
um tremendo desacerto. A metralhadora foi parar no chão e
o irritado animal desembestado saiu como um louco em disparada
e o Vitamina agarrado a ele, e mais gente correndo atrás.
Foram parar na Avenida Iguaçu.
Ninguém contou o motivo da revolta da mula, evitando assim
que o Ducastel pegasse uma cana federal. Hoje o Vitamina ri,
mas na hora ele ficou branco. Quem conheceu o travesso Ducastel
sabe que ele era capaz de coisas inusitadas e ainda mais arrojadas
que essa. A turma de Infantaria de 1950 sabe uma porção de
causos envolvendo o saudoso Duca.
* * * * *
DETONOU...
Lá pelos finais dos anos 70, quando eu já
havia retornado à Rádio Clube Paranaense, essa Emissora tinha
seus estúdios instalados no Edifício Dom Manoel da Silveira
D'Elboux, na Alameda Dr. Muricy, 926. No mesmo prédio, alguns
andares acima, estava instalada a Rádio Paraná. Eu dirigia
a Bedois, e a Paraná era dirigida por meu velho amigo Vicente
Mickosz. Começamos nossas carreiras juntos, como locutores
da antiga Rádio Marumby.
Certa vez, esteve em Curitiba uma comissão
representando certa entidade internacional que batalhava pelos
direitos dos negros e por melhor condição de vida para os
afro-descendentes. Na comitiva havia brasileiros e moçambicanos.
Após uma longa entrevista na Bedois, subiram para participar
de um programa especial na Rádio Paraná. Vicente Mickosz,
sempre educadíssimo, tratou os visitantes com muita cortesia
e ele próprio foi dirigir o programa.
Vicente e seus comandados se esmeraram para manter um elevado
nível na entrevista, com o merecido respeito aos representantes
negros que visitavam a emissora, zelando para que se sentissem
à vontade. E tudo foi bem. Estava tão boa a conversa que eles
invadiram o horário do programa esportivo comandado pelo Lourival
Baronni que ficou na sala de locução, esperando a sua vez
de atuar.
No final, após agradecer os visitantes, Vicente Mickosz agradeceu
ao Baronni pela cessão de uma parte do seu horário. Aí, o
Baronni, cheio de gentileza, disse que era uma honra ceder
seu horário para uma causa tão nobre, para uma entidade que
batalhava em defesa dos direitos dos negros, pelo respeito
à raça negra que ele muito prezava. E foi então que ele quase
matou o Vicente Mickosz do coração quando inocentemente saiu
com essa:
- Até porque, Vicente, tem muito preto com alma branca. Silêncio
constrangedor e olhares significativos. Ele estragou tudo
o que tinha sido feito.
* * * * *
PIOR A EMENDA...
O Eleutério Camargo, meu saudoso amigo Camarguinho,
era um vitorioso comerciante que adorava a radiofonia e prestigiava
muito os radialistas. Ele não trabalhou em Rádio e, mesmo
assim, trabalhou pelo Rádio. Por muito tempo, usando pseudônimo,
escreveu uma coluna sobre a radiofonia paranaense no jornal
"Gazeta do Povo". Ali ele divulgava os programas das emissoras,
falava sobre as realizações dos radialistas, dava aos profissionais
do Rádio aquele incentivo tão necessário aos artistas da comunicação.
Desejando promover ainda mais os radialistas locais, em 1.957
criou a revista mensal "SHOW", da qual participaram Mbá de
Ferrante e Miranda Júnior. Em 1.959 Eleutério Camargo lançou
o quinzenário "SHOW JORNAL", juntamente com Mbá de Ferrante,
sempre prestigiando os radialistas. Era um cara de grande
valor.
Certa vez, já no avançar da idade, mas ainda não aceitando
a condição de idoso e muito menos ser chamado de velho, o
Camarguinho resolveu atravessar a Rua Marechal Deodoro fora
da faixa de pedestres, dirigindo-se para sua empresa, Lojas
Bettega. Quase foi atropelado por um carro. Felizmente quem
dirigia freou em tempo. Então, o jovem e irritado motorista
abriu a janela e gritou:
- "Quer morrer, velho!"
O Camarguinho ficou injuriado, indignado, porém antes que
ele tivesse qualquer reação, de um outro carro que havia parado
ao lado desceu um homem reforçado que partiu em sua defesa,
dizendo ao ofensor:
- "Não lhe deram educação, seu boçal".
E quando o meu amigo Camarguinho ficava todo feliz por ter
alguém em sua defesa, o seu defensor acrescentou:
- "Você não tem vergonha de estar desrespeitando o velhinho?".
Pombas! Ai estragou tudo e o Camarguinho foi embora mais chateado
ainda.
*****
MAIS APELIDOS
Revendo meus velhos guardados encontrei uma
porção de recortes do jornal Gazeta do Povo da década de 60,
quando eu escrevia a coluna "RÁDIO & TV". Entre tantas notas,
achei uma coleção de apelidos de famosos radialistas do passado.
A gente já não lembra quais os motivos que geraram muitas
dessas alcunhas, e é curioso que as pessoas que as receberam
muitas vezes nem sabiam da sua existência. Vejamos alguns
dos apelidos:
Marcus Aurélio - "Lacerdinha" e "Dr. Vidraça" (era parecido
com o político Carlos Lacerda)
Jota Pedro - "Macau" e "Gaspar"
Moisés Itzcocich - "Faixa Branca"
Borba Filho - "Pelúcia"
Fritz Basfeld - "Dedo Duro" (isso em razão do reforçado dedo
indicador a ornamentar a sua mão)
Augusto Reis - "Saúva"
Zé Domingos - "Balão"
Ivan Cury - "Bigode Sedoso"
Paulo Albértti - "Tucano" (por causa do avantajado nariz)
Eolo Cesar de Oliveira - "Farofa de Cuque" e "Areia Molhada"
(em decorrência de algumas bexigas que o Eolo tinha no rosto)
Wilson Thomaz - "Melancia" e "Ganso"
Linda Saparolli - "Pierina" (loiríssima, o apelido era para
contrastar: a boneca Pierina era negra)
Vera Lúcia - "Tagarela"
Tônia Maria - "Madame Tonica Botica"
Júlio Pires - "Macaca Fu"
Rubens Rollo - "Pé de Frade" e "Capuchinho" (ele usava habitualmente
sandálias franciscanas)
Pier Máximo - "Bagre"
Marly Terezinha - "Içá"
Mário Vendramel - "Boca Rica" (tinha uma prótese dentária
de ouro que depois retirou por achar anacrônica), "Mazzaroppi"
(tinha o jeitão do comediante do qual imitava o andar), "Nariz
de Fumar na Chuva" (em função do elevado apêndice nasal) e
"Costeleta de Babado" Obs.- Vendramel era um grande e inspirado
criador de apelidos. Certamente recebia o troco e em decorrência
teve muitas alcunhas.
Sérgio Fraga - "Jamanta", "Engradado de Girafa" e "Sabonetão"
(por causa da sua elevada estatura)
William Sade - "Cilibin"
Mauro de Alencar - "Testa Panorâmica"
Willy Gonser - "Bardhal" e "Bebê Johnson"
Vinícius Coelho - "Vermelho"
Dermeval Costa - "Pestana de Boneca" e "Limpa Trilho" (tinha
cílios exageradamente grandes)
Jamur Júnior - "Beduíno" e "Braço Fixo"
Ricardo Filho - "Quincas" e "Tartaruguinha"
Franck de Hollanda - "Rei do Café" e "Sargentelli"
Moacir Amaral - "Matusalém" e "Igreja da Ordem" (era um dos
mais velhos da turma)
Luiz Tavares - "Pintor de Rodapé" e "Leão de chácara de Baile
Infantil" (pela sua pequena estatura)
Altamiro Bevilacqua - "Nariz de Quebra-gelos" (por causa do
nariz grande) e "Durmo Aqui Mesmo" (por estar sempre sonolento)
Vale lembrar o elevado espírito de camaradagem desses profissionais
que aceitavam esportivamente esses apelidos dados pelos colegas.
Na seção de "Gafes e Fatos Cômicos",
Parte 12, você encontra mais apelidos de nossos radialistas.
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