GAFES E FATOS CÔMICOS

Parte 19

JOGO CHATO

Mário Vendramel no início de sua carreira atuou na Rádio de Cornélio Procópio. Era narrador de futebol.
Certa vez, transmitindo um jogo, interrompeu a narração dizendo para os ouvintes que tinha "algo muito importante a informar". Para surpresa geral, anunciou:
- E agora amigos aqui está o japonês TANACARA que vai contar algumas piadas para vocês.
E de fato, enquanto o jogo corria, um humorista contou uma porção de anedotas. Só depois o Mário voltou a narrar futebol. Certamente o jogo devia estar muito chato.
Só o Mário para aprontar uma dessas.

 

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ENROLANDO A LÍNGUA

Colombino Grassano, figura expressiva de nossa política, foi deputado, secretário de Estado, Chefe da Casa Civil do Governador, entre outras coisas. Quando jovem Colombino Grassano foi um excelente radialista. Ele também não escapou de uma bela enrolada de língua e, certa vez, transmitindo uma apresentação do faquir Silki, Colombino saiu com essa:
- E agora o faquir Silki faz algo impressionante, prezados ouvintes. Ela está deitando numa cama cheia de ESTILHAÇOS DE LEITE.
Estilhaços de leite?... Ele queria dizer estiletes de aço.

 

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RECORDAÇÕES DA CASERNA

No programa "Revivendo" que apresento na Rádio Paraná Educativa, certa vez homenageei os meus colegas de CPOR, contando para os ouvintes alguns causos de caserna ocorridos com nossa turma. A gente se encontra todos os anos, no dia 25 de agosto, em jantar de fraterna comemoração e aproveita para reviver os tempos de farda.
Vou contar pra vocês também.
Alguns dos alunos recebiam funções específicas nos acampamentos e nos exercícios do CPOR - Centro de Preparação de Oficiais da Reserva.
Certa vez, estávamos acampados no Pinheirinho, na época um bairro totalmente descampado que nos parecia tão longe do centro de Curitiba e onde hoje é o Quartel General. Num exercício de tiro o Dylon Léo Kierski e o Lourival Harri Saade ficaram incumbidos de atuar com um morteiro.
O Lourival, que a turma havia apelidado de Caxias, era o que operava o sistema de direcionamento e o Dylon, apelidado de Cai-Cai, armava o tripé e colocava a granada para o lançamento. Não era festim, era tiro real, era pra valer. E o Cai-Cai com todo cuidado ergueu a granada com as mãos, colocou-a no cano e depressa tapou os ouvidos e se agachou. A granada foi para baixo e estranhamente não voltou. Não sei por que cargas-d'água não detonou. E aí deu o desespero na turma que se jogou no chão, na grama úmida, com medo de uma explosão.
Não aconteceu nada. Passado o susto o morteiro foi cuidadosamente desmontado e a granada retirada, ilesa, mas foi um susto danado, um medo sem tamanho que ficou na lembrança de todos.
O que hoje causa admiração é que ali no Pinheirinho a gente fazia exercícios de tiro com morteiros e metralhadoras. Hoje a região está toda habitada e seria impossível fazer isso.

 

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A REVOLTA DA MULA

No CPOR, conforme eu falei anteriormente, por ocasião dos acampamentos a gente recebia tarefas específicas. Enquanto cursei o 1º ano eu fui condutor de muar, mulas em geral. Outro que recebeu essa incumbência foi o HENRIQUE PAULO SCHMIDLIN, montanhista e ambientalista conhecidíssimo que tem o apelido de Vitamina. Um cara muito legal.
Certa vez, em frente ao quartel da Praça Oswaldo Cruz, onde hoje é Shopping Curitiba, a tropa se preparava para iniciar marcha para mais um acampamento. Como vocês sabem, a turma da infantaria vai a pé. O Vitamina estava colocando a metralhadora no lombo do animal quando o Ducastel Nicks, o Duca, imprudentemente espetou o traseiro da mula com um cigarro aceso. Nossa! Foi um tremendo desacerto. A metralhadora foi parar no chão e o irritado animal desembestado saiu como um louco em disparada e o Vitamina agarrado a ele, e mais gente correndo atrás. Foram parar na Avenida Iguaçu.
Ninguém contou o motivo da revolta da mula, evitando assim que o Ducastel pegasse uma cana federal. Hoje o Vitamina ri, mas na hora ele ficou branco. Quem conheceu o travesso Ducastel sabe que ele era capaz de coisas inusitadas e ainda mais arrojadas que essa. A turma de Infantaria de 1950 sabe uma porção de causos envolvendo o saudoso Duca.

 

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DETONOU...

Lá pelos finais dos anos 70, quando eu já havia retornado à Rádio Clube Paranaense, essa Emissora tinha seus estúdios instalados no Edifício Dom Manoel da Silveira D'Elboux, na Alameda Dr. Muricy, 926. No mesmo prédio, alguns andares acima, estava instalada a Rádio Paraná. Eu dirigia a Bedois, e a Paraná era dirigida por meu velho amigo Vicente Mickosz. Começamos nossas carreiras juntos, como locutores da antiga Rádio Marumby.
Certa vez, esteve em Curitiba uma comissão representando certa entidade internacional que batalhava pelos direitos dos negros e por melhor condição de vida para os afro-descendentes. Na comitiva havia brasileiros e moçambicanos. Após uma longa entrevista na Bedois, subiram para participar de um programa especial na Rádio Paraná. Vicente Mickosz, sempre educadíssimo, tratou os visitantes com muita cortesia e ele próprio foi dirigir o programa.
Vicente e seus comandados se esmeraram para manter um elevado nível na entrevista, com o merecido respeito aos representantes negros que visitavam a emissora, zelando para que se sentissem à vontade. E tudo foi bem. Estava tão boa a conversa que eles invadiram o horário do programa esportivo comandado pelo Lourival Baronni que ficou na sala de locução, esperando a sua vez de atuar.
No final, após agradecer os visitantes, Vicente Mickosz agradeceu ao Baronni pela cessão de uma parte do seu horário. Aí, o Baronni, cheio de gentileza, disse que era uma honra ceder seu horário para uma causa tão nobre, para uma entidade que batalhava em defesa dos direitos dos negros, pelo respeito à raça negra que ele muito prezava. E foi então que ele quase matou o Vicente Mickosz do coração quando inocentemente saiu com essa:
- Até porque, Vicente, tem muito preto com alma branca. Silêncio constrangedor e olhares significativos. Ele estragou tudo o que tinha sido feito.

Vicente Mickosz

 

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PIOR A EMENDA...

O Eleutério Camargo, meu saudoso amigo Camarguinho, era um vitorioso comerciante que adorava a radiofonia e prestigiava muito os radialistas. Ele não trabalhou em Rádio e, mesmo assim, trabalhou pelo Rádio. Por muito tempo, usando pseudônimo, escreveu uma coluna sobre a radiofonia paranaense no jornal "Gazeta do Povo". Ali ele divulgava os programas das emissoras, falava sobre as realizações dos radialistas, dava aos profissionais do Rádio aquele incentivo tão necessário aos artistas da comunicação. Desejando promover ainda mais os radialistas locais, em 1.957 criou a revista mensal "SHOW", da qual participaram Mbá de Ferrante e Miranda Júnior. Em 1.959 Eleutério Camargo lançou o quinzenário "SHOW JORNAL", juntamente com Mbá de Ferrante, sempre prestigiando os radialistas. Era um cara de grande valor.
Certa vez, já no avançar da idade, mas ainda não aceitando a condição de idoso e muito menos ser chamado de velho, o Camarguinho resolveu atravessar a Rua Marechal Deodoro fora da faixa de pedestres, dirigindo-se para sua empresa, Lojas Bettega. Quase foi atropelado por um carro. Felizmente quem dirigia freou em tempo. Então, o jovem e irritado motorista abriu a janela e gritou:
- "Quer morrer, velho!"
O Camarguinho ficou injuriado, indignado, porém antes que ele tivesse qualquer reação, de um outro carro que havia parado ao lado desceu um homem reforçado que partiu em sua defesa, dizendo ao ofensor:
- "Não lhe deram educação, seu boçal".
E quando o meu amigo Camarguinho ficava todo feliz por ter alguém em sua defesa, o seu defensor acrescentou:
- "Você não tem vergonha de estar desrespeitando o velhinho?".
Pombas! Ai estragou tudo e o Camarguinho foi embora mais chateado ainda.

Eleutério Camargo

 

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MAIS APELIDOS

Revendo meus velhos guardados encontrei uma porção de recortes do jornal Gazeta do Povo da década de 60, quando eu escrevia a coluna "RÁDIO & TV". Entre tantas notas, achei uma coleção de apelidos de famosos radialistas do passado. A gente já não lembra quais os motivos que geraram muitas dessas alcunhas, e é curioso que as pessoas que as receberam muitas vezes nem sabiam da sua existência. Vejamos alguns dos apelidos:
Marcus Aurélio - "Lacerdinha" e "Dr. Vidraça" (era parecido com o político Carlos Lacerda)
Jota Pedro - "Macau" e "Gaspar"
Moisés Itzcocich - "Faixa Branca"
Borba Filho - "Pelúcia"
Fritz Basfeld - "Dedo Duro" (isso em razão do reforçado dedo indicador a ornamentar a sua mão)
Augusto Reis - "Saúva"
Zé Domingos - "Balão"
Ivan Cury - "Bigode Sedoso"
Paulo Albértti - "Tucano" (por causa do avantajado nariz) Eolo Cesar de Oliveira - "Farofa de Cuque" e "Areia Molhada" (em decorrência de algumas bexigas que o Eolo tinha no rosto)
Wilson Thomaz - "Melancia" e "Ganso"
Linda Saparolli - "Pierina" (loiríssima, o apelido era para contrastar: a boneca Pierina era negra)
Vera Lúcia - "Tagarela"
Tônia Maria - "Madame Tonica Botica"
Júlio Pires - "Macaca Fu"
Rubens Rollo - "Pé de Frade" e "Capuchinho" (ele usava habitualmente sandálias franciscanas)
Pier Máximo - "Bagre"
Marly Terezinha - "Içá"
Mário Vendramel - "Boca Rica" (tinha uma prótese dentária de ouro que depois retirou por achar anacrônica), "Mazzaroppi" (tinha o jeitão do comediante do qual imitava o andar), "Nariz de Fumar na Chuva" (em função do elevado apêndice nasal) e "Costeleta de Babado" Obs.- Vendramel era um grande e inspirado criador de apelidos. Certamente recebia o troco e em decorrência teve muitas alcunhas.
Sérgio Fraga - "Jamanta", "Engradado de Girafa" e "Sabonetão" (por causa da sua elevada estatura)
William Sade - "Cilibin"
Mauro de Alencar - "Testa Panorâmica"
Willy Gonser - "Bardhal" e "Bebê Johnson"
Vinícius Coelho - "Vermelho"
Dermeval Costa - "Pestana de Boneca" e "Limpa Trilho" (tinha cílios exageradamente grandes)
Jamur Júnior - "Beduíno" e "Braço Fixo"
Ricardo Filho - "Quincas" e "Tartaruguinha"
Franck de Hollanda - "Rei do Café" e "Sargentelli"
Moacir Amaral - "Matusalém" e "Igreja da Ordem" (era um dos mais velhos da turma)
Luiz Tavares - "Pintor de Rodapé" e "Leão de chácara de Baile Infantil" (pela sua pequena estatura)
Altamiro Bevilacqua - "Nariz de Quebra-gelos" (por causa do nariz grande) e "Durmo Aqui Mesmo" (por estar sempre sonolento)
Vale lembrar o elevado espírito de camaradagem desses profissionais que aceitavam esportivamente esses apelidos dados pelos colegas.
Na seção de "Gafes e Fatos Cômicos", Parte 12, você encontra mais apelidos de nossos radialistas.

 

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