GAFES E FATOS CÔMICOS

Parte 20

CONFUSÃO

Meu saudoso amigo Sérgio Fraga, grande locutor, excelente apresentador de programas de auditório, durante um bom tempo meu sócio em agência de propaganda, freqüentemente aparece na minha coleção de gafes dos nossos radialistas dos velhos tempos. Certa vez, com diversos colegas, ele atuou na transmissão da chegada da imagem de Nossa Senhora de Fátima a Curitiba. A sua incumbência era narrar a passagem da imagem peregrina em frente aos estúdios da Bedois. E lá ficou ele, microfone na mão, na sacada do edifício da Rádio Clube Paranaense, na Rua Barão do Rio Branco. Quando se aproximou o enorme cortejo, provavelmente empolgado com algum acontecimento futebolístico recente, ele com entusiasmo narrou assim:

- Estamos transmitindo lance por lance, sensação por sensação, a chegada da imagem de Nossa Senhora de Fátima a nossa Capital.

Misturou tudo. Usou um chavão utilizado em transmissão de futebol. Não houve como escapar da gozação dos colegas. A turma não perdoava.


Sérgio Fraga

 

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COMEÇO DE CARREIRA

Em começo de carreira eu acredito que poucos saíram ilesos, sem cometer gafes. O meu prezado Mauro de Alencar, grande apresentador de programas, não escapou.
Conta-se que certa vez ao anunciar uma gravação ele falou assim:

- E a seguir, ouviremos o samba ICHO.

Acontece que o samba se intitula 1 X 0 (UM A ZERO).

Mauro de Alencar

 

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Na mesma linha o Alfredo Otto, ótimo colega que trabalhou conosco e depois foi atuar com sucesso em Santa Catarina, ao ler uma notícia referente ao Papa Pio XI, pronunciou "PAPA PIÓQUISSI".


 

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E tem mais.
O Haroldo de Andrade que começou na Rádio Clube Paranaensde e depois fez um extraordinário sucesso na Rádio Globo do Rio de Janeiro, em seus primeiros passos na vida radiofônica anunciou a composição musical "Maria La O" como "Maria La zero".


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DOS MEUS GUARDADOS

Da coluna "RÁDIO & TV", da Gazeta do Povo, dia 05 de maio de 1.958, extrai o seguinte:

"VOCÊ SABIA?

- Que o Aluisio Finzetto começou no Rádio como cantor?
- Que o Arthur Conrado é farmacêutico?
- Que quase quarenta funcionários da PRB-2 possuem automóvel?
- Que o José Domingos já foi aprendiz de fotógrafo?
- Que o Carlos Paraná, ("Maria, Carnaval e Cinzas") já foi cantor da Marumby?
- Que o Haroldo de Andrade (Rádio Globo) começou como boy da PRB-2?
- Que a Polyana (Chantecler) foi cantora do programa "Ponto 6", da TV Paraná?


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A MÚSICA REJEITADA

Naqueles tempos dos programas de auditório em Curitiba, havia um rapaz chamado Antonio Carlos que freqüentava as emissoras e gostava de cantar. Estrábico, magro e exótico, apesar de ser péssimo cantor os apresentadores maldosamente o deixavam participar dos programas, pois o público ria muito com seu jeito excêntrico. Um dos seus programas preferidos era o do Mário Vendramel, onde ele tentava cantar músicas gauchescas.
Quando o Vendramel ingressou na TV, onde passou a usar roupas coloridas, extravagantes, o Antonio Carlos foi atrás.
Sabendo que o Mário ficava louco da vida quando o chamavam de "Chacrinha do Paraná", Sérgio Fraga e seu filho Carlos Ricardo resolveram aprontar uma para o amigo. Fizeram a paródia de uma música típica do Sul, ensinaram para o rapaz e, dando-lhe uma gorjeta, mandaram que ele a cantasse no programa do Mário.
O rapaz foi ao programa trajando uma bombacha que conseguiram para ele. Sempre vivo e desconfiado, antes do show o Mário fez o Antonio Carlos cantar a música no camarim e, após ouvi-la, xingando todo mundo, proibiu o rapaz de se apresentar.
A letra era assim:
AMIGO MARIO
ACEITE COM SATISFAÇÃO
O MEU CORDIAL ABRAÇO
E FRATERNO APERTO DE MÃO
ESTOU ATÉ COMOVIDO
MELHOR QUE VOCÊ NÃO HÁ
AGORA VOCÊ É O COLORIDO
CHACRINHA DO PARANÁ

O Mário ficou furioso e jurou dar o troco.


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OS FAMOSOS TAMBÉM

Cometer enganos quando a gente está falando de improviso, é algo que acontece com muita freqüência.
Os locutores esportivos são os que mais falam de improviso e em conseqüência são pródigos em enganos e gafes, sejam principiantes ou veteranos.
Vou contar pra vocês uma falha de um famoso narrador esportivo.

26 de julho de 2.007.
Maracanã lotado. A nossa seleção feminina de futebol que deu um show no PAN do Rio, acabara de derrotar a equipe dos Estados Unidos, obtendo a sonhada medalha de ouro.
Alegria geral.
Empolgado com a brilhante vitória, o excelente locutor Luciano do Vale saiu com essa:

- As nossas meninas estão se preparando para as cerimônias da entrega das medalhas, para o hasteamento do PAVIMENTO nacional e para cantar o Hino Nacional Brasileiro.

"Hasteamento do PAVIMENTO nacional?". Ele queria dizer PAVILHÃO NACIONAL. Usa-se a palavra pavilhão com o significado de símbolo nacional, a Bandeira. Pavimento é piso de rua, de estrada, é andar de edifício.
Na hora da emoção, ao falar de improviso, até mesmo os grandes locutores como esse competente Luciano do Valle cometem a suas gafes.
E a minha coleção aumenta.


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PUBLICIDADE E CARIDADE

No final dos anos 50, quando eu fui atuar na Rádio Clube Paranaense como locutor, eu fiz sociedade com o Mário Vendramel e juntos apresentamos o programa "Calouros Bedois". Depois criamos o "Carrossel de Atrações", um programa de auditório com a participação de orquestra e muitas variedades e inovações.
Para faturar um pouco mais nós íamos juntos visitar o comércio a fim de obter patrocínio para os nossos programas. A gente tinha que produzir, apresentar e ainda vender os programas.
Nessa busca de publicidade, um dia, visitando um comerciante de Curitiba, o Mário Vendramel fez uma baita exposição sobre os nossos programas, falou da potência da Bedois, do seu alcance, da sua liderança nas pesquisas de audiência, do aumento de vendas que a loja poderia ter se anunciasse conosco.
Depois de um bom tempo com o Mário falando e o comerciante ouvindo, achando que nada mais havia para dizer, o Mário parou de falar e esperou a resposta do lojista.
Ela veio, curta e seca:

- Tudo bem Vendramel. Só que a nossa empresa já esgotou a sua verba de caridade.

Pombas! Chamou publicidade de caridade. Vejam só a limitada visão de alguns comerciantes daquela época.
O Mário interpretou aquilo como uma ofensa e antes de sair presenteou o comerciante com um farto estoque da sua coleção de impropérios. Escrachou com o cara e foi embora.

Naquele dia não visitou mais nenhuma empresa.

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