GAFES
E FATOS CÔMICOS
Parte 16
Sempre que há competições
internacionais, das quais participam atletas brasileiros,
um número imenso de nossos conterrâneos segue
para os países em que se realizam os eventos. Cada
grupo volta com uma porção de histórias
divertidas e muitas gafes cometidas.
Um dos fatos que se repetem constantemente, é esse
de um brasileiro enrolar a língua no idioma do país
que visita, tentando conversar com algum desconhecido com
quem se encontra casualmente, e depois de algum tempo perceber
que está pagando um tremendo mico.
Aconteceu com meu amigo, o locutor Léo
Pereira.
Na Copa do Mundo de 1986, no México, o Léo integrou
a equipe do Lombardi Júnior e participou da cobertura
feita para a Rádio Clube Paranaense.
Certo dia, ele e alguns colegas seguiram de ônibus para
assistir a um jogo da Seleção, e o Léo
Pereira sentou ao lado de um estranho. Muito comunicativo,
Léo não demorou a puxar prosa com o desconhecido,
num "portunhol" que dava gosto.
Depois de muita conversa, os dois num espanhol deplorável,
o Léo Pereira achou curioso o jeito do cara falar e
perguntou:
- Usted há venido de que ciudad de
Mexico?
E o cara respondeu num sotaque bem conhecido:
- Eu sou do Ceará, bichinho!
Léo
Pereira - também pagou o mico. |
* * * * *
Mais um mico no exterior.
Em 1990, na Copa da Itália, andando pelas ruas de Turim,
vi um cara vendendo camisas da Seleção Brasileira.
- Camicie della Squadra Brasiliana! Camicie
della Squadra Brasiliana! A buon mercato, camicie della Squadra
Brasiliana!
Achei interessante o fato das camisas serem
vendidas por um preço muito baixo; eu havia comprado
em Curitiba antes de partir, pagando mais caro. Fui comprar
as "camicie" para presentear alguns amigos italianos.
E não deu outra. Depois de me danar por algum tempo,
no meu precário italiano "macarrônico",
descobri que o cara era brasileiro. Morava em Turim fazia
dois ou três anos e estava aproveitando a Copa do Mundo
para ganhar um dinheirinho extra.
* * * * *
Certo dia eu fui visitar meu amigo Gilberto
Camargo em sua loja "Bettega Presentes". Ele me
apresentou o empresário Amilton Bora, que como todo
bom representante comercial é especialista em contar
causos. Foi o Amilton quem me contou a história que
segue.
O saudoso amigo e companheiro de trabalho
Lombardi Júnior era o chefe do departamento de esportes
da Rádio Clube Paranaense, comandando a famosa "Equipe
Positiva" que ele criara com o Capitão Hidalgo.
Certa vez, Lombardi foi a Ponta Grossa para
transmitir o jogo Operário X Coritiba. Para repórter
de campo, ele pediu o apoio do conhecido locutor Osíris
Nadal, que atuava na Rádio Santana de Ponta Grossa.
Lá pelas tantas, o jogo correndo solto, o Osíris
por alguma razão foi distraído por um colega
da Rádio Santana que estava próximo a ele. Bem
nessa hora, houve uma confusão entre alguns jogadores
que trocaram empurrões e cotoveladas e o Osíris
Nadal não viu nada. Lá da cabine, desconhecendo
a distração do Osíris, Lombardi Júnior
pediu detalhes sobre o ocorrido, dizendo:
- E aí Osíris, o que houve?
E o Osíris, completamente perdido,
respondeu com firmeza:
- Ouve a Rádio Santana de Ponta Grossa.
O Lombardi teve que rir e seguir em frente.
A palavra "houve", usada por ele, tinha "H";
era do verbo haver. E o "ouve" do Osíris
não tinha; era do verbo ouvir.
Lombardi
Júnior, grande narrador esportivo. |
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Num dos bailes de carnaval do Clube Curitibano,
muitos anos atrás, quando era diretor o Dr. Rúbens
Bettega, (que era um dos proprietários das Lojas Bettega),
ele me contratou para levar uma escola de samba para um baile
pré-carnavalesco do clube.
Eu me acertei com a turma da Escola de Samba Colorado, chefiada
pelo popular Maé (que depois fiou conhecido por Maé
da Cuíca), e contratei também o Raulzinho, um
tremendo trompetista que depois fez sucesso em outros paises.
Na hora do baile, muita gente já esperando o início,
conforme combinamos o Raulzinho foi ao palco e disse:
- "Olha pessoal, a escola de samba, infelizmente
não veio".
Foi aquele alarido danado no salão.
Frustração geral. Aí, antes que houvesse
algum problema, ele acrescentou:
- "Mas eu e meu trompete vamos garantir
um grande carnaval pra vocês".
E com aquele som maravilhoso que ele tirava
de seu instrumento, encheu o salão com a introdução
da música "Zé Pereira". Era o sinal.
A Escola de Samba Colorado, que estava escondida numa sala
aos fundos, iniciou aquela magistral batucada deixando todo
mundo louco. Foi um tremendo baile de carnaval, sucesso total,
e a primeira vez que um conjunto musical com integrantes negros
participou de um carnaval no Clube Curitibano.
* * * * *
Nos anos 50, a Rádio Marumby passou
por uma fase de grande atividade. Promovia shows, tinha seu
palco auditório, apresentava radiofonizações
diversas, tinha seu Conjunto Regional, bons locutores e um
ótimo Departamento de Esportes.
Dácio Leonel, grande narrador, comandava as transmissões
de futebol. Osmar de Queiroz era o volante da equipe, o repórter
de campo. Um dos patrocinadores das jornadas esportivas era
a Anglotil, que tinha por slogan "as insuperáveis
casimiras do Brasil".
Certo dia, durante a transmissão de
um jogo, Dácio Leonel na cabine pediu que o Osmar de
Queiroz fornecesse detalhes de uma certa jogada, sempre numa
gentileza de "Anglotil - as insuperáveis casimiras
do Brasil". O Queiroz, lá do campo, prestou as
informações e ao encerrar trocou as palavras
e saiu com essa:
- Informando Anglotil, as insuportáveis
casimiras do Brasil.
Congelou todo mundo. Após um silêncio
constrangedor, Dácio Leonel entrou lá de cima
e disse em tom queixoso:
- Oh, Queiroz... a propaganda tem que ser
a favor!
Osmar
de Queiroz, segurando a Taça "Jules Rimet".
|
Dácio
Leonel de Quadros, narrador e Diretor do Dep de Esportes
da Rádio Marumby, nos anos 50. |
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Amaury Stochero e eu eramos amigos de infância.
Morávamos bem perto da Igreja do Coração
de Maria, ele na Avenida Getúlio Vargas (antes, tinha
o nome de Rua Ivai) e eu na Rua Nunes Machado, em frente a
Praça Ouvidor Pardinho. Participávamos do conjunto
de teatro da Congregação Mariana daquela igreja
e gostávamos de Rádio.
Um dia, dono de uma bela voz, Amaury foi contratado pela Rádio
Clube Paranaense como locutor. Passou a usar o pseudônimo
de Amaury César. Tão logo pôde, ele tentou
me levar para a Bedois e conseguiu que me dessem a oportunidade
de um teste. Lá fui eu, nervoso, mas cheio de vontade.
Fui levado ao palco do famoso auditório da Rua Barão
do Rio Branco e vieram me examinar dois consagrados radialistas:
Eôlo César de Oliveira e Wilson Martins.
Deram-me algumas folhas de papel e mandaram que eu lesse os
textos que havia nelas. Minha nossa! Eram páginas com
notícias, impressão feita com papel estêncil
em mimeógrafo a álcool, cheias de borrões,
com algumas palavras inelegíveis. Tentei, mas não
pude evitar uma porção de erros. E não
deu outra: fui reprovado, para tristeza minha e do meu amigo
Amaury César.
O tempo passou e, um dia, após atuar
por alguns anos na Rádio Marumby, na qual cheguei a
diretor artístico e depois a gerente, fui contratado
pela PRB2, e logo fui seu Diretor Artístico e, com
o passar dos anos, cheguei a Superintendente daquela Emissora
na qual, um dia, fui reprovado.
Eôlo César de Oliveira e eu nos demos muito bem.
Meu amigo Amaury César havia deixado a Bedois. O mestre
Wilson Martins seguira outros rumos, tornando-se um dos grandes
intelectuais do nosso Estado, escritor da mais alta qualidade
com renome internacional.
Eu conto essas coisas para dizer aos mais
jovens, especialmente aos que estão começando,
que se eles quiserem conquistar alguma coisa devem ter persistência,
e não devem desanimar com as derrotas eventualmente
sofridas. A gente tem que levantar, cada vez que cair, e continuar
tentando, jamais se entregando ao desânimo. É
assim que a gente vence.
Amaury
Cesar, locutor da Bedois nos anos 50, ao lado de Ubiratan
Lustosa. |
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