GAFES E FATOS CÔMICOS

Parte 14


Foi o Osmar de Queiroz quem me contou essa passagem ocorrida com outro locutor esportivo, seu colega dos velhos tempos, o Raul Mazza.

O Raul, desde rapazola sempre foi possuidor de uma grande verve e muito divertido. Um bom papo.
Aconteceu nos anos 50, na antiga e gloriosa Rádio Marumby, onde começaram suas carreiras muitos radialistas de sucesso.
Raul Mazza, que atuava no Departamento Esportivo da "Emissora das iniciativas", fora um pouco mais cedo para o estúdio de locução a fim de apresentar o programa de esportes que começaria logo mais. A chegada antecipada foi a calhar para o locutor do horário que precisava sair mais cedo e, por isso, pediu ao Mazza que lesse os textos do último intervalo comercial que viria após as músicas já anunciadas. Pediu, foi embora e o Raul ficou ouvindo as músicas com a cabeça pousada sobre a mesa de locução. Quando chegou a hora dos anúncios, o Operador passou o som e ele não se moveu. Havia adormecido. O Operador foi depressa à sala de locução e deu um tapa nas costas do Mazza para acordá-lo. Mal calculado, o tapa saiu com muita força e o Raul Mazza acordou e deu um berro:

- "CAVALO!"

Em segundos, ao ver a luz acesa indicando microfone ligado, percebeu a mancada e para salvar a situação anunciou com voz impostada:

- "Cavalo perdido! Perdeu-se um cavalo baio...", e improvisou o texto de um inexistente cavalo baio perdido que era procurado pelo seu dono. E haja gargalhadas depois dessa que, da cochilada à improvisação, foi bem ao jeito do criativo Raul Mazza..

 

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Às vezes, os adultos agem como crianças.
Isso acontecia muito em nossos velhos tempos de início de carreira. Ganhava-se pouco, mas era divertido.

Nos anos 50, na Rádio Marumby, freqüentava a emissora, e até atuava em alguns programas, um competente dentista que adorava o Rádio, o Dr. Wélfare Demarino. Sempre alegre e brincalhão, fez amizade com todo mundo.
O Wélfare, fugindo aos conselhos que ele mesmo dava, era um arraigado fumante de charutos. Depois dele estar por algum tempo na sala de locução, fumando, ninguém mais conseguia trabalhar, pois o pigarro atacava todo mundo. Um dia, alguém foi dar queixa à Diretoria. Convidado para uma conversa, foi feito ao fumante um pedido: não entre na sala fumando e se entrar não fume. Quando você quiser fumar, faça-o fora da sala de locução.

O Welfare Demarino ficou chateado e procurou descobrir quem o tinha dedado. Sabedor de quem fora o dedo-duro, ele bolou a sua vingança. Um dia, o queixoso estava na locução, sozinho na sala, e de repente começou a sentir cheiro de fumaça de charuto. O cheiro foi aumentando e, sem saber de onde vinha, o locutor começou a pigarrear constantemente, tornando-se difícil fazer a locução. Começou a tossir e a se irritar. Só depois de muito sofrer ele descobriu o que estava acontecendo: para se vingar do seu delator, o Demarino, silenciosamente, cumprindo a solicitação dos diretores da Rádio, fumava fora da sala de locução, só que soprava para dentro a fumaça do charuto pelo buraco da fechadura.
É como eu disse no início: às vezes, os adultos agem como crianças... e se divertem muito.

 

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Este eu encontrei no livro do Professor Valério Hoerner Júnior, "Rádio Clube Paranaense - a pioneira do Paraná". Foi a soprano Claudete Rufino quem o contou para o escritor.
Aconteceu nos anos 50, quando Jacinto Cunha, o primeiro locutor do Paraná, foi candidato a deputado estadual. Tendo o apoio dos artistas da Rádio Clube Paranaense, Jacinto os levava para shows no interior do Estado, ao fazer campanha política.

Certa vez, eles seguiam animados, cantando, contando piadas, rindo pra valer. De repente, o ônibus em que viajavam começou a pegar fogo e o pânico não demorou. Apavorados, todos procuravam sair rapidamente do ônibus, os músicos, assustados, levando seus instrumentos . Uns ajudavam os outros e, aos apertos e encontrões, iam dando o fora depressa. Janguito do Rosário, grande cavaquinista que era chefe do Regional Bedois, ao sair notou que alguém havia deixado um violão lá nos fundos do ônibus. Vencendo o medo e enfrentando a fumaça que aumentava, foi rapidamente buscar o violão e correu para fora batendo nos bancos pelo caminho. Quando desceu do ônibus, trêmulo e ofegante, ante a estupefação dos companheiros de viagem, percebeu com tristeza que estava só com o braço do violão em sua mão; o resto ficara no caminho, nas batidas que deu nos bancos.
Após serem extintas as chamas e passado o susto vieram as gargalhadas. E eles foram em frente para participar do comício.

 

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Vou contar mais um causo dos anos 50, lembrado pelo Osmar de Queiroz, que tem como figura principal o locutor esportivo Raul Mazza.
Atuando na Rádio Marumby, como repórter e apresentador de programas esportivos, o sonho do Raul Mazza era um dia narrar uma partida de futebol.
O grande anseio de um locutor esportivo é dar o grito de gol numa transmissão de futebol. Fala-se até que o grito de gol é o orgasmo do locutor esportivo. Eles chegam a ensaiar em casa esse grito emocionante, narrando partidas imaginárias, desejando cada um ter o seu próprio estilo. Dizem que o primeiro grito de gol nunca se esquece.
O Mazza também sonhava com esse grito e também ensaiava preparando-se para ele. Um dia o Dácio Leonel, chefe do Departamento de Esportes da Marumby, escalou o Raul Mazza para narrar um jogo: Britânia x Palestra, no Estádio Joaquim Américo. Após ensaiar mais algumas vezes, no dia do jogo lá foi o Mazza fazer a transmissão. E não só ele, mas também os seus colegas esperavam ansiosos pelo primeiro grito de gol do Raul Mazza.
O jogo foi seguindo, os minutos passando, e nada de sair um gol. Naquele dia os atacantes não estavam com a pontaria boa, e parece que as defesas estavam em seu dia de glória. E sem sair gol, lá se foi o primeiro tempo. Na segunda fase da partida, a mesma coisa. As bolas chutadas passavam longe e o Mazza não podia gritar gol. E o jogo corria, o tempo passava, e nada de gol, frustrando o narrador e toda a equipe que sabia da sua ansiedade. E aquele Britânia x Palestra terminou em 0 x 0. Chateado, frustrado, sem poder dar o grito que ensaiara tanto, o Raul Mazza passou a fazer as suas considerações finais e foi assim que as fez:
- "Jogo muito disputado, as defesas em dia inspirado, e o resultado foi esse zero a zero sem graça. Foram mais de noventa minutos de jogo sem sair nenhum GOOOOOOOOLLLL!!!! "
E com toda a força de sua voz ele não deixou de dar o seu primeiro e inesquecível grito de gol.

 

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Eu vi uma propaganda na televisão em que um cara vai correndo e, numa curva, dá uma cabeçada num poste indo parar no chão. Eu tive que rir, porque isso uma vez aconteceu comigo, faz muitos anos, quando eu estudava no Ginásio Paranaense, hoje Colégio Estadual do Paraná.
Eu morava na Praça Ouvidor Pardinho e certa manhã de inverno, com muita nebulosidade, sai de casa e fui caminhando pela rua 24 de maio, rumo ao centro da cidade. O Ginásio Paranaense ficava na rua Ébano Pereira, em frente à Praça Santos Dumont, e de minha casa até lá era uma bela caminhada. Já por por hábito, eu controlava o horário quando passava ao lado da Igreja do Bom Jesus, olhando o relógio lá no alto da torre. Nesse dia, um pouco atrás de mim, seguiam diversas alunas da Escola Normal. Como eu já disse, havia muita cerração e eu me virei um pouco para olhar o relógio e fui caminhando tentando ler as horas. De repente, uma cacetada em minha cabeça que me fez tontear. Dei uma cabeçada no poste que havia sobre a calçada.
A impressão imediata que se tem é que alguma coisa bateu em nossa cabeça, quando na realidade é ao contrário, a cabeça da gente é que bateu em alguma coisa. Eu vou contar pra vocês, além do susto, da dor, que vergonha que eu passei. Foi muito chato ouvir as gargalhadas das normalistas que caminhavam atrás de mim e se divertiram com a minha desastrosa trombada com o poste. Coisas que acontecem, mas como eu fiquei sem graça.

 

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