GAFES E FATOS CÔMICOS

Parte 13


Túlio Vargas, um dos pioneiros das transmissões esportivas do Rádio paranaense, foi um grande inovador. No final dos anos 40, ele introduziu na Bedois as transmissões externas de eventos esportivos em caráter contínuo. Antes dele, essas transmissões eram feitas eventualmente.

Certa vez, no começo da sua carreira, num daqueles improvisos dos quais é farta a atuação dos locutores esportivos, ele foi dar uma notícia sobre os jogadores campeões do Rio de Janeiro. Então, por distração, quando ele foi dizer CAMPEÕES CARIOCAS, o que saiu foi CAMPEÕES CARECAS. Causou surpresa, pois naquele tempo os jogadores de futebol eram cabeludos, ainda não surgira a moda de rapar a cabeça.
Durante muito tempo o Túlio Vargas teve que ouvir a gozação de seus familiares e amigos.

Outra vez, o Túlio, na empolgação de sua narrativa, referindo-se a um acontecimento trágico, quis dizer que aquilo fora uma CATÁSTROFE, só que saiu assim: "Essa ocorrência foi uma CATASTRÓFE".

Não deu outra: mais gozação dos colegas e membros da família. Coisas que acontecem para todos os que precisam falar de improviso.
A vida muda, as pessoas evoluem. Túlio Vargas tornou-se um consagrado escritor e, simplesmente, o Presidente da Academia Paranaense de Letras, honraria alcançada por poucos intelectuais do nosso Estado.

Eu gosto de contar essas coisas para que os principiantes de hoje não desanimem ao cometer algum erro, mas continuem batalhando e procurando sempre se aperfeiçoar. O sucesso virá.

Em 1947, transmissão esportiva da Bedois. Ainda não havia cabines nos estádios e os locutores ficavam junto ao gramado. Na foto, Plácido Machado, Altair Cavalli, Túlio Vargas (de chapéu) e Athur de Souza.
(Foto obtida no livro "Rádio Clube Paranaense - a pioneira do Paraná", de Valério Hoerner Júnior)

(Leia mais sobre Túlio Vargas na Seção HISTÓRIA DO RÁDIO, Subseção MAIS INFORMAÇÕES)

 

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O Ivo Ferro, que dirigia o radioteatro da veterana Bedois, era famoso pela sua competência e pelo rigor com que comandava a sua equipe. Sabedores disso, os principiantes ficavam muito nervosos e tremiam em suas primeiras participações. Tensos, erravam, e aí acontecia o inevitável: aquela tremenda bronca do Ivo Ferro.
Certa vez, Conceição Rodrigues, uma radiatriz principiante, teve o seu batismo de fogo. Em emocionante cena da novela, numa das falas da Conceição, estava a palavra soporífero. Na história, alguém dava a uma pessoa um soporífero, uma substância que faz dormir. Em outras palavras, alguém forçava outrem a dormir, dando-lhe um sonífero. Nervosa e tentando caprichar em sua participação, Conceição Rodrigues em vez de dizer que deram à personagem um soporífero, disse que deram a ela um SEU PORFÍRIO. E enquanto a turma se esforçava para segurar as gargalhadas, o Ivo Ferro, irado, fazia esforços para não ter um chilique.

 

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Esse causo eu li no excelente livro do professor Valério Hoerner Júnior, intitulado "RÁDIO CLUBE PARANAENSE - A PIONEIRA DO PARANÁ". E foi meu velho amigo Vicente Mickosz quem contou para ele. Aconteceu, muitos anos atrás, numa novela apresentada ao vivo.
O contra-regra estava sem bala de festim para dar um tiro numa dramática cena de crime. Então, ficou a cargo do sonoplasta colocar uma vinheta com o tiro. Na hora, ele se enganou e em vez do tiro o que saiu foi um sonoro mugido. Aí o radiator, tentando salvar a constrangedora situação, enfaticamente saiu com essa:

- "Não adianta se esconder atrás da vaca! Eu te mato assim mesmo!"

Foi pior a emenda do que o soneto.

 

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1990, ano da Copa do Mundo.
Eu estava no aeroporto, em São Paulo, junto com a equipe do Lombardi Júnior, à espera do vôo que nos levaria para a Itália. Dessa vez eu resolvera ir também, e havia bolado um programa para apresentar em parceria com o Léo Pereira, ao qual demos o título de "O OUTRO LADO DA COPA".
A hora da partida estava chegando e nada de aparecer o Tisca, um empresário que iria junto com a equipe e que não conhecíamos pessoalmente. Lombardi estava com as malas do retardatário e, nervosamente, conjeturava sobre o que fazer com elas caso seu proprietário não chegasse a tempo.

Já em cima da hora o Tisca chegou. Um pouco afastados da gente, ele foi perguntando ao Lombardi Júnior quem era cada um dos componentes da equipe com a qual seguiria viagem.

Quando se aproximaram de nós, o Tisca só faltou me beijar a mão, passando a me tratar com um respeito exagerado, causando estranheza a todos nós. Em certo momento, enquanto ele foi ao banheiro, o Lombardi nos contou que quando ele quis saber quem eu era, disse-lhe o seguinte:

- "Aquele é o nosso chefe, diretor da Rádio. Chama-se Ubiratan", e o Tisca, lembrando que a Rádio Clube Paranaense pertencia a uma entidade católica, indagou:

- "Ele é padre?"

Um tremendo gozador, Lombardi não perdeu a oportunidade e disse que eu era um arcebispo.

Os outros, sabendo da malandragem, passaram a me chamar de arcebispo e a me tratar com excessiva cerimônia. E assim viajamos.

Já na Itália, em Turim, meu título foi adaptado à situação, e traduziram a minha falsa dignidade para o italiano, passando a me chamar de "arcivéscovo". Acompanhando a onda eu fui interpretando o meu papel e o Tisca acreditando e me tratando quase com veneração. Dei conselhos, recomendei orações e aí, em conluio com a turma, comecei a preparar o Tisca para uma confissão. Iríamos saber quais eram os pecados do Tisca. A farsa já estava prestes a acontecer quando o Lombardi, preocupado com as possíveis conseqüências, cortou nosso barato e contou tudo para o Tisca. Acabou nossa folia. Revelando espírito esportivo, a vingança do Tisca foi ficar me chamando de "arcivéscovo" perto de estranhos, o que me dava um baita trabalho, pois a toda hora eu tinha que dar explicações para as pessoas. E não pude ouvir a confissão do Tisca


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No ano seguinte ao da Copa do Mundo de 1990, na Itália, houve a Copa América, no Chile.
Aproveitando o embalo do ano anterior quando apresentamos de Turim e Roma o programa "O OUTRO LADO DA COPA", em 1991 lá fomos nós para o Chile, Léo Pereira e eu, agregados à equipe de Lombardi Júnior, para fazer trabalho idêntico ao que fora feito na Itália.
Acompanhando a "Equipe Positiva" comandada por Lombardi, foram alguns empresários de Curitiba, e entre eles José Senter que se revelou um excelente companheiro de viagem. Sempre alegre, gozador, Senter se deliciava em surpreender a gente com pegadinhas que levavam toda turma às gargalhadas quando alguém caía nelas. E o Senter era o que mais ria.
Diversos componentes da equipe, vítimas das suas pegadinhas, tentaram dar o troco, mas ele, sempre arisco, mantinha-se invicto.
Estávamos em Viña del Mar, cidade sede da equipe brasileira. Um dia, o Senter, Léo Pereira, o empresário e árbitro de futebol José Marcondes e eu, fomos conhecer a cidade portuária de Valparaiso. Fomos num taxi, ficando o Senter no banco da frente, ao lado do chofer. Papo furado, brincadeiras, gozações pelo caminho todo, e as indefectíveis pegadinhas do Senter. O taxista nada falava, mas ria conosco, e o passeio estava muito divertido.
Em dado momento, passamos perto de uma casa calcinada por um incêndio recente.
Foi quando o chofer, muito sério, misturando o português com castelhano, perguntou ao Senter:

- "Señor, en Brasil, como usteds... como vocês chamam los hombres que apagam el fuego en incendio?"

- "Bombeiros", respondeu o Senter prontamente. E indagou curioso: "E aqui no Chile, como vocês chamam?"

- "Acá, nosotros costumbramos chamar por el teléfono!"

Aí, caímos no pelo do Senter. O chofer chileno vingou-se por nós e dessa vez o Senter dançou.

 

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