GAFES
E FATOS CÔMICOS
Parte 11
Conversando por telefone com meu velho amigo
Dácio Leonel, um dos grandes locutores esportivos que
tivemos, logo entramos na "hora da saudade" e relembramos
os tempos idos em que atuávamos juntos na Rádio
Marumby. Voltamos aos anos 50.
O Dácio era o combativo Diretor
do Departamento de Esportes da "emissora das iniciativas".
Aos domingos, sob seu comando, as audições
esportivas ocupavam a programação durante quase
todo o dia. E no meio do nosso bate-papo ele lembrou do fato
que narro a seguir.
Os programas esportivos dominicais começavam cedo,
mas havia uma interrupção
para que o nosso companheiro e amigo Vicente Mickosz transmitisse
a Missa celebrada pela manhã na Catedral de Curitiba.
Certa vez, quando a chamada era ouvida no alto-falante do
sonoplasta, soou a voz do Vicente que, com insistência,
pedia que o som fosse passado para a Catedral, pois a Missa
já ia começar. O Willy Gonser fazia uma reportagem
externa e não ouvia os chamados aflitos do Vicente.
Percebendo a situação, o Dácio Leonel
entrou no ar e pediu ao Willy que de imediato passasse o som
para a Catedral. Foi então que o Willy Gonser, muito
concentrado e um pouco nervoso, anunciou:
-"Prezados ouvintes, a partir de agora
a Rádio Marumby, uma emissora de acendrado espírito
cristão, na voz de seu locutor religioso Vicente Mickosz,
passa a transmitir a Santa Missa diretamente da Catedral Metropolitana
de Futebol!"
Traído pelo hábito, o grande
narrador esportivo Willy Gonser cometeu a gafe que fez com
que o Vicente voltasse para a Rádio chateado. Era muito
difícil ver o Vicente Mickosz zangado... mas dessa
fez ele não se conteve e deu a bronca, acalmando-se
ao ser convencido que a falha não fora intencional
Dácio
Leonel de Quadros
|
Vicente
Mickosz
|
Willy
Gonser
|
* * * * *
Certo dia recebi alguns e-mails e, posteriormente,
um agradável telefonema de um amigo antigo. Quando
o conheci ele ainda era criança. Cresceu, estudou,
formou-se em medicina. Passou a ser o Dr. Carlos Bostelmann,
urologista. Ele presenciou muitos dos causos que tenho contado
pelo Rádio e neste site. Seu pai, meu colega e amigo,
sócio numa empresa de publicidade, radialista de escol,
era o saudoso Sérgio Fraga. Seu nome de batismo era
Percy Bostelmann, o que explica um dos apelidos que ele tinha:
"Alemão".
Num bate-papo delicioso o Carlos, que naqueles tempos era
guri, lembrou de um causo antológico envolvendo seu
inesquecível pai.
O Sérgio Fraga havia retornado à
Rádio Clube Paranaense, após a Fundação
Nossa Senhora do Rocio assumir essa emissora. Certo dia, ele
se preparava para começar a apresentação
do seu programa, quando recebeu a visita inesperada de alguns
alunos de Comunicação Social da PUC - Pontifícia
Universidade Católica.
Muito contente e honrado, o Fraga fez uma explanação
para os visitantes sobre a Rádio e seu programa. Estava
muito empolgado quando foi alertado pelo Operador de Som que
o programa já entraria no ar. Ele foi para a mesa de
locução e procurou acomodar-se, soltando seus
130 quilos de peso sobre a cadeira.
Que tragédia!
Com o esforço feito ele deixou escapar um inconveniente
e ruidoso pum que todos ouviram. Muito sem jeito, para salvar
as aparências, ele começou a bater com o microfone
na mesa dizendo que o mesmo estava com defeito. Disse que
ele já havia comunicado à Diretoria que o microfone
era muito velho e fazia ruídos estranhos, pois estava
estragado. Foi quando uma das alunas, fechando o nariz com
os dedos, disse assim:
- "É... seu Sérgio, o senhor
tem razão. Coisa estragada a gente tem mesmo que jogar
fora, porque além de fazer barulho... fede pra chuchu."
O "Alemão" ficou vermelho
como um peru e todo mundo caiu na gargalhada, atrasando o
início do programa.
Penalizada, a moça deu um beijo no Sérgio Fraga,
reanimando-o e quebrando o mal estar criado pelo vexame. E
tudo acabou em brincadeiras e sonoras gargalhadas.
* * * * *
Narrando fatos do passado, com a participação
de radialistas de Curitiba, eu já contei alguns causos
de pescarias que nós fizemos. Acrescento agora duas
ocorrências que até servem de alerta aos amadores
da pesca. Certa vez nós fomos pescar em Antonina e
o Sérgio Fraga foi conosco. Conseguimos alugar dois
barcos pequenos e num deles estava o "Jipão"
- era assim que o Mário Vendramel o chamava. Lá
pelas tantas, sentado no barco, com pouca prática o
Sérgio foi lançar a linha e, muito desajeitado,
por incrível que parece enfiou o anzol em seu próprio
nariz. Além da dor que ele sentiu, foi uma tremenda
mão de obra tirar o anzol do seu nariz. A gente havia
aprendido que, em casos assim, não se puxa de volta
o anzol; ao contrário, pressiona-se para que atravesse
a carne, corta-se o fisgo com um alicate, e só então
se deve puxar de volta o anzol. Foi o que fizemos e, por valente
insistência do Fraga, a pescaria continuou.
Outra vez, em situação semelhante,
foi o Eurico Budolla quem se espetou com o anzol ao lançar
a linha. E foi no dedo polegar. Dessa vez foi pior, porque
diversos colegas tentaram fazer o anzol atravessar o dedo,
sem conseguir. É que havia músculo e osso impedindo.
Quanto mais forçavam, mais o anzol ficava preso e mais
dor o Eurico sentia. Tivemos que interromper a pescaria e
procurar o hospital onde um médico e um bisturi resolveram
o problema.
Eu conto essas coisas porque servem de alerta
a todo pescador com pouca prática. Muito cuidado ao
lançar a linha, para não espetar alguém
ou a si próprio.
* * * * *
O Oséas Costa Félix, o conhecido
"Cachimbo", foi Secretário Executivo da AERP
- Associação das Emissoras de Rádio do
Paraná e, na década de 70, durante quatro anos
trabalhou na Rádio Colombo.
Na emissora do Ervin Bonkóski o "Cachimbo"
atuo com sucesso na cobertura das eleições.
Naquela época não havia computadores e nem se
pensava em urnas eleitorais como as de agora. Os votos eram
anotados em cédulas eleitorais que depois eram conferidas
pelos escrutinadores uma a uma. Um trabalho danado para se
apurar os votos, e uma enorme mão de obra para os repórteres
que faziam a cobertura das apurações. E numa
dessas, lá foi o "Cachimbo" levando máquinas
de calcular, máquinas de escrever, muitas folhas de
papel jornal, canetas à vontade, uma parafernália
para municiar toda a equipe da emissora.
Trabalho árduo e constante, pois não se podia
perder o fio da meada.
Oséas e a equipe da Colombo realizavam um ótimo
trabalho, serviço bem feito, e a margem de erros era
insignificante. Vai dai que um locutor de outra emissora,
meio perdido na contagem dos votos, começou a colar
as matérias que o Oséas preparava e, com a maior
cara de pau, passava os boletins na íntegra para os
ouvintes da sua emissora. O "Cachimbo" ficou invocado
com aquela desfaçatez e, sem que o cara notasse, preparou
um boletim falso, cheio de resultados errados.
Não deu outra; o aproveitador entrou na fria e passou
o falso boletim para sua emissora. Após a gafe do locutor
explorador, o Oséas transmitiu o boletim correto, com
resultados completamente diferentes daqueles que o outro transmitira.
O cara se mandou, e foi baixar em outra freguesia.
* * * * *
As Notas de Falecimento, bastante comuns nas
emissoras de rádio, já deram oportunidade para
a ocorrência de muitas gafes dos
nossos radialistas.
Vou contar mais uma.
Corria o ano de 1995. O locutor Mikel Monteiro, com seus 15
anos de idade, atuava na Rádio Chapecó, na cidade
do mesmo nome, em Santa Catarina. Certo dia, ao chegar à
emissora para apresentar o seu programa "Brasil Caboclo",
o Mikel encontrou um rapaz muito abatido que lhe entregou
um bilhete. Era a comunicação do falecimento
da mãe do rapaz, que havia ocorrido naquela madrugada.
O entristecido jovem pediu ao Mikel que comunicasse o falecimento
em seu programa, pois era certo que os parentes, ouvintes
assíduos do mesmo, assim ficariam sabendo da lutuosa
ocorrência. Naquela localidade do interior, como em
tantas outras, o Rádio era o grande meio de comunicação,
mesmo porque, onde já havia telefones, um grande número
de famílias ainda não os tinha.
Na hora de anunciar o falecimento, o técnico de som
colocou uma passagem musical adequada, e o Mikel Monteiro
entrou:
- "Nota de Falecimento!"
E aí, deu-se a encrenca. Onde é
que estava o bilhete que o rapaz deixara? Procura daqui, procura
dali, mexe num bolso, mexe no outro, e nada do bilhete com
o nome da falecida. Então, o Mikel, meio atordoado,
anunciou:
- "Não percam, dentro de instantes,
Nota de Falecimento".
Só faltava ele ter dito: Aguardem a
nossa próxima atração - Falecimentos!
* * * * *
O Sérgio Fraga e o Mário Vendramel,
grandes radialistas do passado com os quais tive o prazer
de trabalhar na Rádio Clube, quando atuavam juntos
na apresentação de um programa eram um verdadeiro
terror para os Diretores. É que se um deles cometesse
uma falha, o outro não se aguentava e desandava a rir,
e o que é pior, os dois caiam na gargalhada e muitas
vezes tinham que interromper o programa com verdadeiros ataques
de riso.
O Dr. Carlos Bostelmann, filho do Sérgio
Fraga, lembrou-me de uma passagem dessa inesquecível
dupla.
Vendramel e Fraga apresentavam o "Jornal da Noite"
quando numa das frases que o Mário lia apareceu a palavra
DESMORALIZANDO. Ao ler, ele enrolou a língua e, dando
uma de Cebolinha, saiu com DESMOLALIZANDO. O Fraga começou
a rir discretamente. Aí, o Mário quis corrigir
e disse:
- "Perdão, ouvintes. Corrigindo: a palavra é
DES-MO-LA-LI-ZAN-DO".
Repetiu o erro e começou a rir. Tentando arrumar a
situação, o Sérgio Fraga com aquela voz
possante interferiu:
- "Perdão novamente, ouvintes. Vamos corrigir:
a palavra é DESMOLALIZANDO".
Errou também e aí o Operador entrou com uma
passagem musical porque os dois choravam de tanto gargalhar
desbragadamente.
Os Diretores da Rádio se zangavam,
mas os ouvintes adoravam essas falhas e também riam
pra valer.
Sérgio
Fraga
|
Mário
Vendramel
|
* * * * *
Mais