UM
POUCO DA HISTÓRIA DA RÁDIO CLUBE PARANAENSE
Ubiratan Lustosa
- Capítulo
7 -
NOTICIÁRIOS
A notícia através do Rádio sempre
foi de extrema importância. Durante a última Guerra Mundial, nosso
povo ansiava por informações sobre as batalhas que eram travadas.
A Rádio Clube Paranaense passou a apresentar edições extraordinárias,
dia e noite. Estabelecendo um convênio com o jornal "Gazeta do
Povo", a Bedois recebia as notícias de última hora e as transmitia
imediatamente. Na Rua XV de Novembro, a mais movimentada via de
Curitiba naquela época, a emissora colocou alto-falantes para
que os transeuntes ouvissem as notícias. Naquele tempo ainda não
havia o rádio de pilha.
* * * * *
Ao longo da história da Rádio
Clube Paranaense, essa emissora participou dos grandes eventos
nacionais e internacionais, não só informando, mas, também, esclarecendo
e orientando seus ouvintes.
Foi marcante a participação da Bedois por ocasião da renúncia
do Presidente Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1.961, e durante
as agitadas ocorrências que a seguiram. Membros da cúpula das
Forças Armadas e políticos de expressão tentaram impedir a posse
do vice-presidente João Goulart. O Congresso foi pressionado para
declarar vago o cargo de Presidente, convocando novas eleições.
Rebelando-se contra isso, o governador do Rio Grande o Sul, Leonel
Brizolla, iniciou a resistência legalista. Brizolla encampou a
Rádio Guaíba, de Porto Alegre, criando a Cadeia da Legalidade
cujos pronunciamentos eram retransmitidos por outras emissoras.
A Rádio Clube Paranaense que, com
suas poderosas Ondas Curtas, cobria todo o território nacional,
era estrategicamente importante para ambas as partes: os militares
e os que eram contrários a eles.
Enquanto no Rio Grande do Sul o governador Brizolla, em pronunciamentos
constantes pelo rádio, conclamava o povo para resistir ao golpe,
aqui ainda não tínhamos a definição do governador Ney Braga, e
já estávamos com tropas em nossos estúdios. Na sacada do prédio
da Emissora, na Rua Barão do Rio Branco, foram colocados sacos
de areia e atrás deles se posicionaram soldados com metralhadoras.
Os transmissores da Bedois, no bairro do Atuba, também estavam
protegidos por tropas.
Foi assim: Moacir Amaral e Ubiratan Lustosa ficavam em plantão
permanente nos estúdios da emissora e transmitiam notícias, enquanto
Sérgio Fraga, Mário Vendramel e Bóris Musialowsky permaneciam
no Palácio Iguaçu para transmitir boletins e pronunciamentos do
Governador e outras autoridades. Houve momentos de tensão quando
eles nos informaram, em off, que dois Generais vindos de Brasília
haviam chegado ao Palácio e estavam reunidos com o Governador.
Algum tempo depois veio a informação, com a declaração de Ney
Braga em apoio aos militares. Daí em diante passaram a ser transmitidas
manifestações de autoridades conclamando os sulistas a apoiarem
os militares, e aos gaúchos para não entrarem em armas. Nessas
ocasiões de crise tem mais realce a extraordinária força do Rádio
e o temor que muitos têm desse veículo. O impasse só terminou
quando o Congresso aprovou emenda à Constituição instituindo o
regime parlamentarista. João Goulart assumiu a Presidência em
setembro de 1.961.
* * * * *
A Rádio Clube Paranaense esteve
presente, também, informando e orientando seus ouvintes, quando
se deu a revolução em que os militares assumiram o poder, em 31
de março de 1.964. Foram dias de grande tensão que exigiram muito
cuidado. No período do governo militar tivemos que tomar muitas
precauções, efetuando o controle ao qual as autoridades chamavam
de "autocensura". Os censores não compareciam à emissora, o que
era bom, mas a gente é que tinha o compromisso de cuidar para
que não fossem transmitidos comentários, críticas e notícias que
contrariassem as autoridades do novo regime... o que era ruim.
O temor dos diretores da Bedois era que algum locutor, ao emitir
uma opinião pessoal, pudesse prejudicar a emissora. Em São Paulo,
não foi renovada a concessão da Rádio 9 de Julho, emissora católica
muito ouvida em todo o Brasil, em represália por ter transmitido
enérgicos pronunciamentos de D. Paulo Evaristo Harns, contrários
ao regime militar. Foi um período de muitas dificuldades, só amenizado
pelo excelente relacionamento que tínhamos com os diretores do
DENTEL em Curitiba.
Enquanto pôde e dentro do possível,
a Bedois sempre procurou informar os seus ouvintes.
* * * * *
Outra passagem marcante ocorreu
no auge da campanha
"Diretas já".
No dia da votação no Congresso Nacional, ainda sob
os resquícios da ditadura, apenas nove emissoras do Brasil
conseguiram transmitir diretamente do plenário. Uma delas
foi a Bedois. Nosso locutor José Maria Pizarro, astutamente,
fazia pausas em sua narração deixando que se ouvissem
os inflamados discursos dos parlamentares com críticas
acerbas ao regime que chegava ao fim. Isso havia sido proibido
e, não demorou muito, recebi um telefonema do DENTEL e
fui advertido das punições que a emissora poderia
receber. Tivemos que maneirar.
E assim foi em todas as grandes
ocorrências que marcaram a História nacional durante
a existência da Rádio Clube Paranaense. A emissora
sempre esteve presente, pois sempre havia um Locutor Noticiarista
pronto a narrar os fatos.
* * * * *
Grandes profissionais comandaram
ou participaram do Departamento de Notícias da Rádio
Clube Paranaense. Vamos lembrar de alguns.
Milton Luiz Pereira foi o notável
apresentador do "PROSDÓCIMO INFORMA" (dava-se
ao noticiário o nome do patrocinador). Tinha a voz muito
boa, adequada a informativos, e atuava com grande elegância
e sobriedade.
Moacir Amaral, um factótum
de extraordinária utilidade para a Rádio Clube.
Saiu-se muito bem nos diversos setores em que atuou, inclusive
como Redator e Noticiarista.
José Maria Pizarro foi outro
valor exponencial dos noticiários da Bedois. Grande voz,
timbre excelente, ótima interpretação. Ele
valorizou minhas crônicas diárias que tinham o título
de "Primeira Página" no jornal apresentado ao
meio-dia. Marcou época.
Jorge Yared, mais um nome marcante.
Preparou-se para ser Noticiarista estudando muito. Voz muito boa
e excelente dicção. Formando-se em Direito permaneceu
atuando, o que foi bom para a nossa radiofonia.
Amauri César, Antunes Severo,
Ayrton Fagundes, Borges Silva, Edson Marassi, Paulo Furiatti e,
mais recentemente, Élson Faxina, são outros valores
até hoje lembrados.
Bons Repórteres também
não faltaram à Bedois. Helcio José, Jota
Pedro, Carlos Alberto (Peninha), Augusto Canário, Piter
Júnior, realizaram todos um excelente trabalho. Alguns
ainda estão atuando.
Amauri
César
|
Hélcio
José
|
Jorge Yared
|
Antunes
Severo
|
Jota
Pedro
|
Paulo
Furiatti
|
* * * * *
Ao falar em notícias, contando
coisas de nosso Rádio em tempos passados, não posso
deixar sem registro um nome muito conhecido dos radialistas nas
décadas de 40 e 50: Major Orlando Alberti (quando conheci
era tenente). Não trabalhava em rádio, trabalhava
para as rádios. O Alberti era uma figura extraordinária.
Ele era do serviço de comunicação do Exército,
especialista em código Morse. Apenas ele, em Curitiba,
recebia das Agências de Notícias internacionais os
noticiários que vinham em código Morse. Assim, todas
as emissoras e jornais dependiam dele. Recebia as notícias
em Morse e, ao mesmo tempo, ia datilografando. Às vezes
as notícias vinham em outro idioma e ele fazia os três
serviços: decodificar, traduzir e datilografar. Para atender
a demanda o Alberti passou a usar papel estêncil e, dessa
forma, num mimeógrafo a álcool ele tirava uma porção
de cópias que enviava às emissoras e jornais. Dá
para imaginar que não era um serviço perfeito; algumas
cópias tinham borrões que dificultavam a leitura.
Não era perfeito, mas era o único.
Um dia fui visitar o Alberti em seu escritório. Ele estava
trabalhando. No seu aparelho aquele ta ta-ta-ta ta-ta, som característico
do Morse, era emitido por fones de ouvido para não perturbar
os demais que trabalhavam com ele.Fiquei esperando, em pé,
ao lado dele. Sorridente, e olhando para mim, tirou o fone de
um dos ouvidos e começou a conversar comigo sem parar de
trabalhar. Ele conseguiu receber em código Morse de uma
Agência de Notícias que enviava o texto em espanhol,
fazer a decodificação, traduzir simultaneamente
do espanhol para o português, ao mesmo tempo em que foi
datilografando... e conversando comigo. Era fora de série.
Alberti tinha um grande senso de humor e gostava de surpreender
com trotes os incautos Locutores Noticiaristas
da época. Contarei alguns casos na seção
"Gafes e Fatos Cômicos" deste site.
- Capítulo
8 -
O ESPORTE
Éramos todos
adolescentes que moravam nas proximidades da Igreja do Coração
de Maria, na Praça Ouvidor Pardinho. Os antigos conheciam
essa praça por Campo da Cruz. Em épocas distantes
haviam colocado uma cruz bem no meio da praça e daí
o nome de Campo da Cruz.
Jogávamos futebol nessa praça, descalços,
engatando os dedos nas guanxumas e chutando bolas de meia ou de
borracha até o anoitecer.
Quando conseguimos fazer uma vaquinha e comprar uma bola de couro
fundamos um time de futebol. Não sei porque demos o nome
de Oceania Futebol Clube. Daí em diante a gente treinava
e jogava contra outros times, às vezes na nossa praça,
às vezes no campo do "5 de Maio", na praça
em frente ao estádio do Atlético. Após os
jogos, a gente ia correndo pra casa tomar banho e colocar uma
roupa melhor, e então em quatro ou cinco amigos íamos
até os estúdios da Rádio Clube Paranaense.
Nessa época, por volta de 1.942, a Bedois estava na Rua
Monsenhor Celso. Escrevíamos em casa para entregar aos
locutores os nomes dos times, os jogadores, o resultado do jogo
e quem havia marcado os gols. Então, íamos depressa
sentar num auditório pequeno, ficando à
espera do programa de esportes para ouvir falarem do nosso time...
e lerem os nossos nomes. É claro que a gente só
levava os resultados quando nosso time ganhava.
Às vezes ficávamos um pouco mais para assistir a
apresentação de alguns cantores. O palco era pequeno
e separado da platéia por um vidro. Chamavam de aquário.
A gente ouvia pelos alto-falantes.
O adolescente que era eu jamais poderia imaginar que um dia iria
trabalhar naquela emissora, mas já era seu fã.
* * * * *
No Departamento
de Esportes da Bedois atuaram muitos radialistas de grande valor.
O primeiro a se tornar famoso foi o Helênico, pseudônimo
de Francisco Cardoso, um professor de Português que adorava
futebol. Polêmico, ele marcou época e tinha grande
audiência nos anos 40. Nessa época, o Eôlo
César de Oliveira participou do Departamento Esportivo
e até tentou narrar uma partida de futebol. Eu conto um
caso na seção "Gafes e fatos cômicos"
deste site.
Desde aquela transmissão
pioneira de um "ATLÉ-TIBA" na Baixada, em 1.930,
com o passar dos anos a Bedois foi ganhando um grande conceito
e realizou memoráveis transmissões esportivas. Vamos
lembrar alguns dos integrantes das várias equipes que atuaram
na Rádio Clube Paranaense até perto do final dos
anos 60:
Dr. Pedro Stenghel Guimarães, Túlio Vargas, Paulo
de Avelar, Ribas de Carvalho, Bóris Musialowsky, Machado
Neto, Mário Vendramel, Willy Gonser, Airton Cordeiro, Alfredo
Otto, Augusto Reis, Marcus Aurélio de Castro, Osmar de
Queiroz, Borba Filho, Oswaldo Gutierres Candal, Jota Pedro, Norberto
Trevisan, José Domingos Teixeira, Oldemar Kramer, Mauricio
Farah, Aloár Ribeiro, Waldomiro de Oliveira, Martins Rebelatto,
Durval Monteiro, Lourival Júnior, Antonio Tomaz, Marcio
Costa, Sergio Guarita.
Em 1.969, atuaram na equipe de esportes mais alguns valores: Fuad
Kalil, Wilson Brustolin, Nei Costa, Carneiro Neto, Edson Luiz,
Dias Lopes, Antonio Carlos Gomes (Quati), Carlos Marassi.
Participaram das transmissões como colaboradores, Demerval
Costa, Jurandir Bergmann e Paulo Alberti.
Os grandes desafios foram, sem dúvida, as transmissões
internacionais. Diversas vezes a "COPA DO MUNDO", a
"COPA AMÉRICA", a "COPA LIBERTADORES DA
AMÉRICA", o acompanhamento dos clubes paranaenses
em jogos no exterior, transmissões dispendiosas e difíceis
de realizar.
As transmissões esportivas, principalmente de jogos de
futebol, deram à Bedois uma grande popularidade
e contribuíram para aumentar seu elevado número
de ouvintes.
* * * * *
Dr.
José Milani, Presidente da Federação
Paranaense de Futebol, recebido pelos integrantes da Equipe
de Esportes da Bedois Mário Vendramel, Bóris
Musialowsky, Osmar de Queiroz (com a taça), Jurandir
Bergmann, Augusto Reis, Aloár Ribeiro e Marcus
Aurélio de Castro
|
Integrantes
do Dep. Esportivo Em pé: Marcus Aurélio
de Castro, Mário Vendramel, Aloár Ribeiro,
Bóris Musialowsky, Augusto Reis e Demerval Costa.
Agachados: Oldemar Kramer, Waldomiro de Oliveira, Norberto
Trevisan, Sérgio Guarita e Osmar de Queiroz
|
Tabela
de Jogos do Campeonato Paranaense 1967
|
Willy
Gonser
|
1º
RODADA
Coritiba x Paranavai
Grêmio x União
Ferroviário x Britânia
Jandaia x Paraná
Agua Verde x Seleto
Londrina x Atlético
Apucarana x Primavera
|
Airton
Cordeiro
|
2º
RODADA
Paranavaí
x União
Britânia x Coritiba
Paraná x Grêmio
Seleto x Ferroviário
Atlético x Jandaia
Primavera x Água Verde
Apucarana x Londrina
|
Augusto
Reis
|
3º
RODADA
Britânia
x Paranavaí
União x Paraná
Coritiba x Seleto
Grêmio x Atlético
Ferroviário x Primavera
Jandaia x Apucarana
Londrina x Agua Verde
|
Marcus
Aurélio
|
4º
RODADA
Paranavaí
x Paraná
Seleto x Britânia
Atlético x União
Primavera x Coritiba
Äpucarana x Grêmio
Londrina x Ferroviário
Água Verde x Jandaia
|
Borba
Filho
|
5º
RODADA
Seleto
x Paranavaí
Paraná x Atlético
Britânia x Primavera
União x Apucarana
Coritiba x Londrina
Grêmio x Água Verde
Ferroviário x Jandaia
|
Osmar
de Queiroz
|
6º
RODADA
Paranavaí
x Atlético
Primavera x Seleto
Apucarana x Paraná
Londrina x Britânia
Água Verde x União
Jandaia x Coritiba
Grêmio x Ferroviário
|
Jota
Pedro
|
7º
RODADA
Primavera
x Paranavaí
Atlético x Apucarana
Seleto x Londrina
Paraná x Água Verde
Britânia x Jandaia
União x Ferroviário
Coritiba x Grêmio
|
Norberto
Trevisan
|
8º
RODADA
Apucarana
x Paranavaí
Londrina x Primavera
Água Verde x Atlético
Jandaia x Seleto
Ferroviário x Paraná
Grêmio x Britânia
Coritiba x União
|
José
Domingos
|
9º RODADA
Paranavaí
x Londrina
Água Verde x Apucarana
Primavera x Jandaia
Atlético x Ferroviário
Grêmio x Seleto
Paraná x Coritiba
União x Britânia
|
Oldemar
Kramer
|
10º
RODADA
Paranavaí
x Água Verde
Londrina x Jandaia
Ferroviário x Apucarana
Primavera x Grêmio
Coritiba x Atlético
Seleto x União
Britânia x Paraná
|
Maurício
Farah
|
11º
RODADA
Jandaia
x Paranavaí
Ferroviário x Água Verde
Londrina x Grêmio
Apucarana x Coritiba
União x Primavera
Atlético x Britânia
Seleto x Paraná
|
Antonio
Thomaz
|
12º
RODADA
Paranavaí
x Ferroviário
Grêmio x Jandaia
Água Verde x Coritiba
União x Londrina
Britânia x Londrina
Britânia x Apucarana
Paraná x Primavera
Atlético x Seleto
|
Paulo
Alberti
|
13º
RODADA
Grêmio
x Paranavaí
Jandaia x União
Paraná x Londrina
Primavera x Atlético
Coritiba x Ferroviário
Britânia x Água Verde
Apucarana x Seleto
|
(Leia mais sobre o esporte na
Rádio Clube Paranaense, na Subseção MAIS
INFORMAÇÕES)
* * * * *
A COMERCIALIZAÇÃO
Freqüentemente me perguntam
de que forma a Rádio Clube Paranaense conseguia manter
aquele estilo de rádio eclético, tão dispendioso
e que durou tantos anos.
Quem leu o nosso Capítulo 4, na parte que se refere ao
Radioteatro, já teve uma idéia. Das oito novelas
que eram apresentadas em 1.959, sete eram patrocinadas por empresas
de âmbito nacional. Por ter Ondas Curtas e ser ouvida também
no interior do Paraná e de outros Estados, a Bedois oferecia
algo mais além da sua excelente audiência na Grande
Curitiba, e tinha a preferência das Agências de Propaganda
de São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Todos os anos, quando chegava o mês de outubro, nosso excelente
representante comercial nessas cidades, M.A. Galvão &
Cia. Ltda., agendava com as Agências a visita de Moacir
Amaral e Ubiratan Lustosa. E lá iamos nós, de Agência
em Agência, vender o nosso peixe. Como Diretor Artístico
eu falava de nossas realizações, de nossa audiência
e do que estava estabelecido para o ano seguinte. Então
era a vez do Diretor Comercial negociar. E Moacir Amaral fazia
isso muito bem. De São Paulo ao Rio, do Rio a Porto Alegre,
quase um mês negociando. Quando voltávamos para casa
a programação básica da Bedois estava vendida
para todo o ano seguinte. Aqui, completávamos as vendas
com os anunciantes locais, em geral em contratos com períodos
menores. E assim, com nosso produto vendido em quase sua totalidade,
tínhamos condições de manter tanta gente
atuando na Rádio Clube.
Quando Moacir Amaral deixou a Bedois, seu assistente Hugo Von
Linsingen assumiu a Direção Comercial da emissora.
Ambos foram muito eficientes.
Isso foi muito bom ao longo de
muitos anos. Um dia, os grandes anunciantes voltaram sua atenção
para as emissoras de Televisão. Adquirindo pacotes de publicidade
que envolviam vários Estados cobertos pelas afiliadas das
grandes emissoras de TV, reduziram as verbas destinadas às
Emissoras de Rádio. Isso causou um grande impacto, principalmente
na Bedois cuja maioria de anunciantes era de âmbito nacional.
Mais tarde, as Agências e os anunciantes perceberam que
o Rádio continuava sendo um excelente veículo de
comunicação e voltaram a prestigiar as Emissoras,
mas o estrago já estava feito.
Moacir
Amaral
|
Ubiratan
Lustosa
|
Hugo
Von Linsingen
|
Em 15 de julho
de 1.960 fui nomeado Assistente da Superintendência.
Em 12 de setembro de 1.961 fui elevado a Diretor Superintendente
da Rádio Clube Paranaense e, depois, passei a Rubens Rollo
o cargo de Diretor Artístico que eu estava acumulando.
E assim foram passando os anos 60.
Com uma programação eclética e popular que
reunia radioteatro, programas de auditório, programas de
estúdio, noticiários e esporte, a veterana Bedois
permanecia em evidência.
* * * * *
Em 1.966 a Bedois
foi adquirida pelo Sr. Luiz Gonzaga de Freitas.
Ele manteve todos os Diretores e a mesma programação.
Excelente patrão e cheio de boa vontade, Gonzaguinha, como
era carinhosamente chamado pelos funcionários, enfrentou
uma fase dificil. O grande número de Emissoras que já
disputavam o mercado e a empolgação dos grandes
anunciantes com a Televisão, ocasionaram uma queda progressiva
no faturamento da Emissora. Já não conseguíamos
o patrocínio das novelas junto aos anunciantes nacionais
e, cheios de tristeza, assistimos ao fim de uma fase encantadora
e cheia de brilhantismo do nosso radioteatro. Ainda mantínhamos
os nossos programas de auditório. Se tivéssemos
a oportunidade de lutar um pouco mais, certamente teríamos
vencido as dificuldades. Faltou fôlego, no entanto, ao nosso
estimado Gonzaguinha e ele precisou vender a Rádio Clube
em 1.968.
Terminava então uma era romântica, linda, empolgante
e inesquecível.
Uma saga fascinante que orgulha o povo do Paraná.
Capitulos
9 e 10
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