LOCUTORES


ALCIDES VASCONCELOS


Desejando colocar neste site a biografia de Alcides Vasconcellos, grande locutor e excelente companheiro, através da Internet me encontrei com seu filho Julio Vasconcellos. Além de filho saudoso, amigo e admirador de seu pai, Julio não hesitou em me enviar alguns dados sobre o estimado Vasco. Achei o seu texto tão bem feito e emotivo que pedi permissão para publicar na íntegra. É uma carinhosa homenagem de Júlio e todos nós a um de nossos melhores profissionais.

 

* * * * *

Alcides Vasconcellos nasceu em 08 de novembro de 1929 em Pirangi, Estado de São Paulo.

Filho de pequeno agricultor, à época em Londrina, Alcides montava rádios do tipo galena, no sítio em que ajudava o pai, Cândido Vasconcellos, para ouvir as notícias da guerra.

Após escutá-las, praticamente inaudíveis, corria para juntar o pessoal do Sítio e divulgar as recentes notas sobre a guerra.

Era o início de tudo e nem ele sabia.

Aos 16 anos, saiu de casa para estudar em Londrina. Trabalhava em farmácia – profissão na qual veio a se formar mais tarde na UFPR – e fazia bico como locutor de Igrejas e Parques de Diversão.

Aos 18 anos mudou-se para Curitiba com o intuito de fazer a Faculdade de Farmácia. Completou os estudos do então Colegial e iniciou o curso de Farmácia.

Para se sustentar, precisava trabalhar. Mas em que? Tinha a voz como fonte de recursos e foi trabalhar em Rádio.

Trabalhou na Rádio Colombo, quando os estúdios se localizavam junto aos transmissores, fazendo a madrugada ao vivo. Tempos difíceis aqueles.

Formou-se em Farmácia, mas não largou o Rádio.

Ao final dos anos 50, casado com Dona Ivette e com uma filha, Vivian, fazia planos para o futuro, pois seu amigo e compadre Renato Mazaneck não falava de outra coisa a não ser TV.

No início dos anos 60, lá estava ele, com o Mazaneck, Elon, Silas, Fritz, entre outros, como um dos pioneiros da TV Paranaense.

Apresentador de telejornal, o que seria o Jornal Nacional da época, levava o título de Repórter Âncora (concessionária de veículos à época) e depois, com a mudança do patrocínio, virou Repórter Cimo (móveis famosos na época).

Ao mesmo tempo, trabalhava na Difusora Ouro Verde como locutor.

Em meados dos anos 60, por causa de uma sinusite crônica, teve que largar a TV, pois as luzes eram fortes demais e a sinusite não perdoava. Com mais dois filhos debaixo do braço – Julio e Marco, além da esposa e da filha, e

dedicando-se exclusivamente ao Rádio, foi convidado pelo proprietário da Rádio Independência, Senador Maia Neto, a assumir a Direção de Jornalismo. Nesta fase da Independência, tínhamos Jair Brito no comando geral da emissora.

Após vários anos, em 1973, se não me engano, foi de mudança para a então Rádio Iguaçu (Ex- Guairacá), trabalhar com Euclides Cardoso e companhia. Sucesso total até a ditadura fechar a Rádio.

De volta à Independência, falida, salários atrasados, sem telefone e sem luz, por falta de pagamento, fez um acordo de somente receber quando entrasse dinheiro.

Assim aconteceu.

Montou-se então uma equipe de peso, com Gilberto Fontoura, Azor Silva, Alceu Schwab, Jamur Junior, Paulo Furiatti, Milton José, Cesar Marques, Luiz Prost, e mais Antenor Santos, Hélio Ribeiro e o seu Poder da Mensagem (as fitas chegavam uma vez por semana de SP). Se não me engano o Paulo Branco participou da Iguaçu ou da Independência.

Donato Ramos eu lembro que foi da época da primeira fase da Independência, lá por 69 / 70.

A Rádio Independência mudou de dono, passando então a ter uma maior injeção financeira. Daí chegaram Algaci Tulio, Luiz Carlos Martins, entre outros reforços de peso.

Ainda em 1973, recebeu convite para integrar a TV Iguaçu, de Paulo Pimentel, também dono da Rádio Iguaçu.

Fazia locução de cabine e gravação de comerciais. Nesta época, a equipe era formada pelo Paulo Cruz, Osni Bermudês, Ivan Curi, Jamur Junior, Nerval, Tonia Maria, entre outros.

A maior surpresa de sua vida foi quando nesta mesma época recebeu convite para apresentar o Jornal Nacional, a escolher: Rio ou São Paulo. Escolheu a família e ficou em Curitiba mesmo.

No final dos anos 70, entrava no ar a FM Brasil 104, 100 % música brasileira. Lá estava o Vasco, com Gilberto Fontoura e Cia, trazendo na cola o Paulo Chaves, e os primeiros apresentadores de rádio e não mais os locutores.

Que saudade dos locutores...

A partir daí, ocorreu o que se vê agora: parece sempre o mesmo comunicador. Todos com o mesmo timbre e a mesma alegria (?).

Em 89, mudou-se para a Scala FM, de programação Classe A, ficando até 92, quando faleceu no dia 13 de setembro.

PASSAGENS IMPORTANTES:

- Com a morte do então presidente Castelo Branco, recebemos em casa, à noite, a visita de uma pessoa fardada e de voz grossa, mas pausada. Trazia um recado para meu pai.

Como ele estava trabalhando, eu me prontifiquei a entregar o recado, julgando-me grande homem aos seis anos de idade.

O recado foi curto e grosso. Dizia o singelo militar que se a Rádio divulgasse alguma coisa sobre a morte do Presidente, meu pai iria parar no DOPS. Legal, não é?

- Na noite em que a Rádio Iguaçu deixou de operar, alguns funcionários, entre eles meu pai (eu de carona), fomos ouvir pessoalmente a leitura feita se não me engano pelo Nestor Batista ou pelo Ivan Curi, ao som da Valsa do Adeus. Era meia noite.

- Em meados de 92, exatos quatro meses antes de falecer, meu pai foi homenageado na Câmara Municipal, por intermédio do José Aparecido Alves – Jotapê - (radialista e vereador) com o título de Cidadão Honorário de Curitiba. Além de receber o título, o mais gostoso foi o encontro com alguns veteranos do rádio e TV, (os que ainda viviam), no auditório.

Foi uma das maiores emoções que meu pai viveu em sua vida.

Na semana em que faleceu, meu pai me levou até uma fábrica de casas pré-moldadas, mostrando o modelo escolhido, pois gravava a campanha de um candidato a Prefeito em Curitiba e logo em seguida se mudaria para a praia, curtindo a folga com minha mãe.

Não deu tempo. No sábado 12/09, almoçamos juntos e ele me mostrou os valores que havia acordado com a equipe do político candidato.

Posicionou também, que no domingo pela manhã terminaria de gravar o que havia combinado em relação à campanha eleitoral.

No domingo, almoço em família, esposa, filhos e netos reunidos, almoçamos e logo após minha mãe levou os netos ao parquinho do Condomínio.

Ao se levantar, meu pai sentiu uma fisgada e cambaleou.

Seguramo-lo e levamos à cama. Meu cunhado, médico, posicionou o que sabíamos, mas não queríamos. Rompeu-se o aneurisma. Em menos de 10 minutos estávamos no Hospital, mas não havia solução para esse caso.

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