PRA NÃO DIZER QUE
NÃO FALEI DE LAMA

Ubiratan Lustosa

(1998)

 

Há vendilhões no templo!
A Pátria amada, achincalhada, sofre;
ninguém consegue proteger o cofre
que se esvazia em falcatruas mil.
Pobre Brasil!

Há safados demais!
Ao ver tantos milhões passando fome,
(Betinho, lá no Alto, se consome)
pouco se importa a corja de corsários.
Que salafrários!

Tristeza e desalento...
Autoridades vis, tanta lambança,
cada vez mais se esvai nossa esperança,
há medo, covardia ou frouxidão.
Viva o ladrão!

E a gente desespera!
A cada dia aumenta esse mau cheiro,
fazem da Pátria esgoto de banheiro
e ninguém paga pelo mal que fez!
Que sordidez!

Até quando, Brasil?
Por quanto tempo assistiremos quietos
o banquete desses vermes abjetos
que cobrem de vergonha este País?
Povo infeliz!

A gente tem que agir,
fazer andar essa Justiça lerda,
botar um dique nesse mar de merda
mandando pra cadeia esses ladrões...
Aos bofetões!

Versos incluídos no livro
TRILOGIA DO AMOR NO PARQUE E OUTRAS POESIAS.
Instituto Memória Editora.