VELHAS ÁRVORES

Autor: Ubiratan Lustosa

Se você olhar para uma velha árvore frutífera, já exaurida, sem o folhado exuberante de outrora,
por certo a contemplará com respeito em louvor de outros tempos em que ela prodigamente ofereceu seus frutos,
deu a sua sombra a quem sob ela procurou descanso,
foi agasalho protetor a tantas aves indefesas que na sua ramaria buscaram abrigo,
adornou a natureza com o vigor de seu tronco e a sinfonia verde da sua folhagem linda.
Sim, há de respeitar a velha árvore tão amiga, tão útil, exemplo de doação, sinônimo de vida.

Se você olhar para uma pessoa idosa, já cansada pelas lutas da vida, curvada ao peso de tantos encargos, sem ter mais nos olhos aquele brilho da juventude, nem mais na face a beleza exuberante de outrora, certamente a contemplará com respeito, em louvor de outros tempos em que ela prodigalizou as suas virtudes,
foi sombra amiga para tantos que em seus braços buscaram consolo,
amou, sonhou, trabalhou e produziu, acolheu protegendo, ensinou orientando e com ternura muito deu de si.

A velha árvore e a pessoa idosa em muito se assemelham em termos de passado, e muito se parecem no cumprimento do ciclo da vida. São paralelas desde o nascimento até a velhice. Há, no entanto, uma vital diferença.
Se a velha árvore, já desfolhada e sem frutos, encerra a sua existência sem nada mais poder oferecer senão seu tronco envelhecido,
a pessoa idosa, ao contrário, ainda tem muito a dar de si.
Seja em termos de experiência, de conhecimentos adquiridos, de sabedoria que a universidade da vida proporciona,
ou seja em termos de atividades variadas, desde as mais especializadas tarefas aos mais singelos trabalhos manuais.

Por isso não permita, jamais, que o idoso não possa ser útil.
Aposentado do emprego, não o aposente da vida.
Aceite e incentive o seu trabalho, em conformidade com os seus conhecimentos, as suas aptidões e as suas condições de saúde.
Deixe que se usufrua do seu talento, pois a velha árvore humana até na velhice proporciona frutos.
O idoso quer participar, quer viver sendo útil, quer contribuir e dar de si aquilo que ainda tem.

Se para a velha árvore cantamos hinos em louvor ao seu passado, ao ser humano idoso entoamos loas louvando também o seu presente,
pela alegria que nos proporciona o seu convívio,
pelos ensinamentos que nos doa,
pela experiência que nos transmite,
pelas virtudes com que nos orienta,
pelo amadurecimento encantador que só a idade traz.

O idoso quer amor e precisa de carinho, de compreensão
e acima de tudo de respeito.

E é através desse respeito que a ele devemos, com ternura e amor, que poderemos demonstrar a nossa gratidão àqueles que na estrada da vida estão na nossa frente, já viram mais paisagens e se encontram num estágio ao qual - se Deus nos der longa vida - um dia chegaremos também.

Uma saudação carinhosa e um abraço amigo a todas as pessoas idosas.

(Crônicas, História do Rádio, divertidas gafes, 350 fotos e muito mais você encontra no site www.ulustosa.com)