TURBILHÃO
Ubiratan Lustosa
Atropelados pelas notícias que se sucedem velozmente, nesse turbilhão de corrupção explícita que nos assola, constatamos amargurados que a nossa frágil república tem sido cruelmente vilipendiada, justamente por aqueles que mais obrigação teriam de respeita-la e defendê-la.
O que preocupa e atemoriza é a maneira ascendente
das denúncias.
Começaram envolvendo assessores, passaram a parlamentares, alcançaram
empresários, foram a líderes partidários, chegaram
a ministros e já estão atingindo a família do presidente.
Até onde irão?
Guardamos ainda o trauma de um impeachment de anos atrás, quando a nação foi abalada por denúncias semelhantes, em menor escala talvez, deixando-nos atônitos como estamos agora. Meu bom Deus! Livrai-nos do pior.
São bilhões de reais que surgem misteriosamente
e vão para não se sabe onde, enquanto tantos brasileiros trabalham
honestamente para ganhar tão pouco, enquanto faltam hospitais e escolas,
enquanto é precário o saneamento básico e não
são atendidas convenientemente outras necessidades elementares da
população.
Disse alguém que essa dinheirama vem de doações de
empresários.
Que empresários são esses e como conseguem tantos recursos
para doar tão prodigamente? E como registram a saída desse
dinheiro, se é que teve entrada honesta, legal e declarada?
Na verdade, a população tem razão de
estar preocupada. Mais que isso, assustada.
Vendo tantas falcatruas praticadas por alguns membros dos três Poderes,
pessoas que talvez tenham sido sérias e sucumbiram à tentadora
possibilidade do enriquecimento rápido, é claro que estamos
com medo.
Queremos leis atualizadas, corretas e bem feitas, e tomamos
conhecimento que o voto de um legislador tem preço.
Queremos justiça inatacável, nossa última garantia
de ver que há separação entre o certo e o errado, o
bem e o mal, e nos mostram que há juízes que vendem sentenças.
Queremos para o nosso País uma administração límpida,
competente e ilibada, e nos apontam corruptos dentro do governo.
Para onde irá nossa esperança? Ficou tão
difícil assim uma pessoa ser honesta?
Como desejar que os humildes cumpram os seus deveres e sejam íntegros,
se lá de cima vem o exemplo do descumprimento e da desonestidade?
A hora pede uma profunda reflexão.
Que as pessoas de bem, simples cidadãos ou membros dos poderes da
República, procurem unir-se e fortificar-se, porque não será
fácil extirpar essa corja que tenta deteriorar nosso País.
Serão necessários arrojo, decisão e agilidade, para
que se faça uma rigorosa assepsia, eliminando cirurgicamente esses
que, nascidos no Brasil, perderam o direito de ser respeitados como brasileiros,
e nem sequer como homens.
(Mais crônicas você encontra no site www.ulustosa.com)