TSUNAMI


Ubiratan Lustosa

 

E de repente o mar, enlouquecido, transforma suas águas em gigantescas ondas assassinas e as lança velozmente contra tudo e contra todos.
E destrói, arrasa, aterroriza... e mata.
Homens, mulheres, velhos e crianças, apavorados, arrastados com violência, vão morrendo aos montes enquanto nasce mais uma hecatombe.
Centenas de milhares entre mortos, feridos e desaparecidos - uma tragédia imensa.
E em meio a essa ocorrência tão dramática vão surgindo as atitudes que definem os contrastes desde mundo.
De um lado, o dramático e heróico atendimento às vítimas, realizado por voluntários abnegados, na solidariedade elogiável que dignifica os seres humanos.
De outro lado a pilhagem vil dos abutres em forma de gente, a falsa declaração de parentesco com crianças órfãs, os seqüestros de inocentes, as ações criminosas que envergonham a humanidade

Dentre o terror estabelecido surgem, também, os salvamentos incríveis e emocionantes, verdadeiros milagres que amenizam um pouco o sofrimento generalizado:
a criancinha ilesa sobre o colchão boiando no mar revolto;
a mãe que para salvar um filho pequenino teve que abandonar outro filho menino, reencontrando-o depois, são e salvo;
a adolescente que dias antes havia estudado o fenômeno dos maremotos e alerta e salva um grande número de pessoas;
o homem que fica uma semana sem comer, em meio a destroços e cadáveres, permanecendo vivo para contar a sua saga;
um outro que passa dias no mar, agarrado a troncos de árvores, alimentando-se apenas com a água das chuvas e dos cocos que flutuaram ao seu lado, e que mesmo ferido pelas agressões dos peixes é salvo pela tripulação de um navio cargueiro.
São muitos os fatos impressionantes, já divulgados, de sobrevivência incrível e até inexplicável. Certamente muitos outros ainda serão conhecidos. No meio de tanta desgraça, esses salvamentos aliviam o sofrimento das pessoas sensíveis que ficaram condoídas com os funestos acontecimentos na Ásia.

Fala-se agora em instalar equipamentos capazes de avisar em tempo a ocorrência de sismos dessa natureza. Países pobres não possuem essas tecnologias e os ricos que as têm não se preocupam muito com eles.
É preciso haver mortes aos milhares para que se fale em ajudar aos sofredores dos paises ainda não desenvolvidos.
E as promessas nem sempre são cumpridas.

Que essa tragédia sirva ao menos para evidenciar que todos somos frágeis ante as poderosas forças da natureza, despertando nos povos os sentimentos de fraternidade, e a consciência de que nosso país é a Terra, e sendo todos irmãos
devemos ajudar-nos uns aos outros.

 

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