PULMÃO DA DEMOCRACIA
Ubiratan Lustosa
É imperiosa a necessidade de um Poder Legislativo
forte, independente, cônscio de suas responsabilidades e do papel
relevante que desempenha num regime democrático.
Pulmão da democracia, o Legislativo tem o condão de levar
ao organismo do Estado o oxigênio da legitimidade, porque ele traduz
os lídimos anseios populares. Ele é, em última análise,
a voz do povo, e pode exercer o poder de fiscalização que
a nação lhe outorga.
Não se pode prescindir de um Legislativo dinâmico,
altivo, independente.
Não se pode aceitar um Legislativo amorfo, submisso, pusilânime,
sem dignidade.
Para o Legislativo ser um Poder sadio e forte, altivo e soberano,
livre e merecedor de respeito, os seus membros devem atuar com dignidade,
trabalhar com denodo, legislar com sabedoria, constituir-se efetivamente
num fator ressoante dos anseios da nação.
Seja pelos seus grandes tribunos sempre em evidência pela sua oratória
admirável, seja pelos seus componentes que trabalham no quase anonimato
nas inúmeras Comissões, seja pelos seus membros mais proeminentes
ou pelos seus integrantes quase desconhecidos, o Congresso Nacional não
pode, em momento algum, faltar à confiança que nele o povo
deposita, sob pena de perder o seu sustentáculo mais forte que é
a representatividade que o caracteriza.
Ao longo dos anos, os congressistas brasileiros têm
sofrido muito.
Pressões de toda ordem, situações delicadas e difíceis,
crises agudas, submissão ao Poder Executivo, comportamento inadequado
de alguns dos seus membros, tudo isso tem feito o Congresso Nacional passar
por fases dolorosas e sombrias. E, se por um lado, algumas vezes houve falhas,
submissões e atitudes condenáveis, em outras ocasiões
o Poder Legislativo foi honrado por congressistas destemidos, inteligentes,
brilhantes, e acima de tudo patriotas, que souberam dignificar o mandato
que o povo lhes concedeu ao elegê-los para funções tão
elevadas.
Hoje, lamentavelmente, vivemos uma triste fase do Congresso
Nacional.
Patifarias, compra e venda de votos, apoios espúrios, desagregação,
corporativismo, pequenez de princípios e falta de caráter,
desrespeito ao povo brasileiro, são algumas das acusações
que pesam sobre muitos daqueles que deveriam ser um exemplo de dignidade
e honradez.
Decepcionado e triste, o povo fica pensando em que errou
e o que fazer para mudar esse quadro desalentador.
Só existe uma e boa maneira:
eliminar esses que nos envergonham, não mais
votando neles, e escolher com maior rigor e sapiência os nossos futuros
representantes.