PERTO DO NATAL
Ubiratan Lustosa
Quando nasceu Ele não teve um berço; as palhas
de humilde manjedoura o abrigaram.
Quando morreu Ele não teve um leito; os braços que o sustentaram, no instante fatal, foram os braços de uma cruz.
Pendente daquele madeiro, antes de exalar seu último suspiro como homem, abençoou a humanidade como Deus.
Em sua passagem pela terra Ele não fez fortuna, não possuiu bens materiais e sempre foi pobre. Não obstante, sempre teve muito para dar.
A todos ajudou, mesmo os mais empedernidos pecadores, pois execrava o erro sem deixar de amar os que haviam errado.
Enérgico sem ser cruel, bom sem ser pusilânime, Ele foi duro ao expulsar os vendilhões que infestavam o templo, e foi de comovente mansidão ao abraçar as criancinhas que dEle se acercavam.
Nasceu humilde e perseguido e perseguido foi até a morte.
Jamais mentiu, mesmo quando a verdade o remetia aos caminhos do sofrimento.
Sempre soube perdoar, por maiores que fossem as injúrias que sofresse.
A todos amou, ainda que muitos o odiassem.
Desde o nascimento Ele nos deu os mais lindos
exemplos.
Sua mensagem tem mais de dois mil anos e permanece viva e atual.
Seus ensinamentos foram sábios, suas palavras medidas e pesadas.
Pouco sorriu e não teve pejo de chorar.
Sorveu o cálice das amarguras até o fim, carregou a sua cruz
e despido de qualquer orgulho aceitou ajuda quando as forças lhe
faltaram.
Deu-nos como mãe a sua própria
Mãe.
Rei dos reis, nada tinha de seu e, não obstante, deixou-nos tudo,
constituindo-se o seu legado no tesouro maior que a humanidade anseia: a
vida eterna.
Esse foi Jesus, o Cristo, cujo nascimento estamos prestes a comemorar.
Estas considerações são
feitas para lembrar que a festa de Natal não pode restringir-se à
euforia da troca de presentes, das comemorações com iguarias
deliciosas e finas bebidas.
A festa natalina deve incluir, como parte principal, uma boa dose de meditação
dedicada ao lado espiritual do qual não pode prescindir.
É preciso abrirmos os corações para a mensagem de amor
pregada por Jesus, pois sem isso de nada valerá festejarmos o seu
nascimento.
É necessário que sigamos o seu exemplo, amando o nosso próximo
e perdoando aqueles que nos ofenderam.
O mundo precisa de vigorosos artífices para reconstruí-lo espiritualmente. São necessários abnegados obreiros que, conscientes de que só o amor constrói, possam edificar uma nova sociedade, sem violência e sem crime, sem maldade e sem ódio.
A tarefa é grande e por isso deve
ser dividida entre todos nós.
E se cada um melhorar um pouco a si próprio, haverá um grande
e significativo avanço.
O Natal aí
está, com toda a sua beleza mística, fazendo-nos uma proposta
que devemos aceitar:
uma proposta de amor, de perdão e de paz.
Do livro "NOSSO ENCONTRO COM UBIRATAN
LUSTOSA" - Instituto Memória Editora
Loja Virtual: www.institutomemoria.com.br