O ESPETÁCULO DO DESEMPREGO

Autor: Ubiratan Lustosa

 

Em 1º de Maio comemora-se o Dia do Trabalho.
É uma homenagem que se faz aos trabalhadores, desde aqueles que em 1.842 fizeram as primeiras passeatas reivindicatórias em Massachusetts e Connecticut, aos outros todos que em todo o mundo, e pelos anos afora, vêm lutando por dias melhores para os que trabalham.
É justa essa homenagem, ainda mais quando lembramos que por esses direitos, pouco a pouco e tão penosamente adquiridos, foram muitos aqueles que heroicamente deram as suas vidas.
Cabe-nos homenagear aos trabalhadores, aos que muito dão de si para que o mundo progrida, nem sempre tendo o merecido reconhecimento pela sua dedicação.

Vamos enaltecer, sim, aos que trabalham, mas vamos prestar homenagem, também, aos que não têm emprego, por mais que precisem e queiram trabalhar.
Neste 1º de Maio de tantas manifestações, vamos externar o nosso respeito pelos desempregados, nossos irmãos brasileiros de tantas esperanças e tão amargas desilusões.

Como é doloroso saber que tantos homens e mulheres estão desempregados, que tantas famílias estão passando por necessidades.
Todos os dias a mesma luta, saindo cedo para entrar em filas enormes nas empresas onde se oferecem algumas vagas, e das quais voltam com novas desilusões.
Inicialmente, corta-se o lazer e não se compram roupas, em seguida se diminui a qualidade e a quantidade dos alimentos. Procura-se morar mais longe, em bairros mais pobres,
para reduzir a despesa de aluguel. Muda-se a escola dos filhos, e os chefes de família, cada vez mais humilhados, vão perdendo as esperanças neste Brasil tão grande em que alimentaram tantos sonhos.
Esta é a triste realidade de tantos brasileiros, num país que em poucos anos caiu de 8ª para 15ª economia mundial.

Como festejar o 1º de Maio com tanta gente sem trabalho?
E enquanto não termina esse triste espetáculo do desemprego, vamos assistindo à decadência e ao rompimento de tantas famílias, porque a miséria arrasa a convivência, destrói a paz e desfaz os laços familiares.
Até quando, meu Deus?
Por quanto tempo teremos que esperar por dias melhores? Quando chegará o dia em que aqueles que quiserem trabalhar encontrarão emprego, e o trabalho terá justa paga, e a dignidade humana será respeitada?

Você, eu, e tantos outros brasileiros, sonhadores por natureza, ainda temos esperança. Por quanto tempo ela irá durar?

Após tantas comemorações e alegres churrascadas, tantas viagens e tantas homenagens festivas, tantos discursos e tantas promessas, parece-nos que vai passando a hora de pegar o trem da História. Depois, será tarde demais.

 

(As crônicas do site www.ulustosa.com estão liberadas para uso desde que citado o autor. Envie para seus amigos).