O BEBUM É NOSSO

Autor: Ubiratan Lustosa


Eu sempre defendi a liberdade de expressão; ela é imprescindível à democracia.
Eu sempre estive a favor dos jornalistas e acho que eles têm o direito de se enganar. De se enganar, não de mentir. O engano é ocasional e sem maldade. A mentira é intencional e maldosa.
Acho, também, que quando uma pessoa é ofendida, tem o direito de reagir. Entendo, porém, que não é necessário dar um tiro de canhão para derrubar um mosquito.

Feitas essas colocações, vamos ao assunto.
Que coisa sem graça essa matéria do New York Times insinuando que nosso presidente está prejudicado pelo alcoolismo.
Por outro lado, que radicalismo governamental na desejada punição do jornalista inconseqüente e inconveniente.
Eu fico preocupado ao imaginar qual seria a punição se fosse um brasileiro. Pelourinho e cem chibatadas? Prisão perpétua?
A gente entende que o presidente tenha ficado aborrecido. Até ofendido. Nenhum de nós gosta que se metam em nossas vidas. Ainda mais se o cara é de fora. Dá pra entender, também, que muita gente tenha ficado revoltada. Não vamos, porém, a exageros. Não se justificaria uma ridícula patriotada na base de "o bebum é nosso". Mesmo porque, com toda sinceridade, não acredito que o Lula velho de guerra esteja bebendo além do razoável.
Teve até quem já insinuasse que se tratava de um lacaio da CIA tentando desestabilizar o nosso governo. O presidente anda de amizades com líderes antiamericanistas, disseram eles. O presidente está tentando conquistar novos parceiros comerciais, o nosso pais é visto pelos americanos como um futuro concorrente, acrescentaram.
Devagar, gente. Afinal, temos que admitir que houve um bocado de exagero numa questão que, com um pouquinho só de tato, teria sido resolvida de imediato e sem repercussão internacional como ocorreu.
A verdade é que, apesar de um pouco decepcionado, o povo gosta do presidente. E é por isso que muitos pensam que seria bom que ele se preservasse um pouco mais, usando aquela velha tática do "pensar bastante antes de... ". Talvez isso não se aplique ao caso presente, mas é algo que sempre ajuda a não se pisar na bola.

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