NÓS E A NATUREZA
Ubiratan Lustosa
As matas eram abundantes e os rios corriam caudalosos.
Havia muitos animais e se mantinha o equilíbrio ecológico.
Os ventos sopravam mansos, as chuvas desciam periodicamente e a natureza
mantinha a sua estabilidade.
Era assim, em épocas que não estão muito distantes.
Aí, o homem foi chegando, com muita ambição
na cabeça e força destruidora nas mãos.
E começou a abater animais, a derrubar árvores e poluir os
rios.
Sua intemperança e sua falta de previsão foram criando grandes
claros na floresta, esquecido de que a natureza tem suas leis. Desafiando-as,
o homem derrubou mais árvores, sofregamente, ambiciosamente, desmedidamente.
Com isso, alterou o clima, aumentou a força dos ventos, e onde o
verde era exuberante ele criou desertos.
Em sua ação predatória, o homem usou e abusou do solo,
sem método, sem zelo e precaução. Promoveu o desmatamento
de forma inconsequente e esqueceu que a natureza tudo dá, mas também
pede em troca.
A resposta veio de forma inexorável. Rios caudalosos se transformaram
em córregos e até secaram. Animais desapareceram. A erosão
destruidora foi consumindo terras férteis. Para se encontrar água,
foi preciso cavar cada vez mais fundo. As chuvas perderam a regularidade.
A fertilidade do solo foi substituída pela aridez desoladora.
E o grito de alerta ecoa em tom de desespero: estamos criando desertos!
Por tudo isso, nós e a natureza precisamos entrar
em acordo.
A par das medidas governamentais que, num esforço supremo e com investimentos
gigantescos, visam reflorestar, é necessária a conscientização
dos proprietários de terras, grandes ou pequenas, do povo em geral.
É preciso que todos colaborem, com suas próprias energias
e seus esforços individuais, para salvar essas terras para os seus
descendentes.
É preciso plantar árvores, muitas árvores, especialmente
nas cabeceiras dos rios e ao longo de suas margens.
É preciso, também, preservar a vida dos animais.
É preciso evitar a poluição dos rios.
É preciso usar o solo com parcimônia, para que ele sempre seja
fértil, receba as sementes e com abundantes colheitas recompense
a dedicação dos homens.
Não basta pedir ou exigir dos governos uma ação
salvadora.
Todos somos responsáveis pelo futuro e é agora que devemos
agir, corretamente, decididamente, patrioticamente, para que esse futuro
seja próspero e feliz.
Plantemos árvores, para que as matas voltem a ser
abundantes, para que os rios voltem a correr caudalosos, para que os animais
proliferem, para que os ventos voltem a soprar com mansidão, para
que as chuvas voltem a cair com regularidade, para que o clima volte a estabilizar-se
e nossas terras sejam sempre férteis e dadivosas.
Do livro NOSSO ENCONTRO COM UBIRATAN LUSTOSA.
Instituto Memória Editora.
www.institutomemoria.com.br