DIA DA CRUZ
Ubiratan Lustosa
A liturgia da Igreja Católica assinala 14 de setembro como o Dia da Exaltação
da Santa Cruz.
Instrumento de vilipêndio na velha Roma dos Césares, a cruz servia para castigar os grandes vilões que pagavam com a morte dolorosa os seus crimes hediondos. Era um castigo duro e aviltante que visava não apenas punir os criminosos, mas criar na população o temor, levando-a a obediência servil ao império romano.
Um dia pregaram na cruz um homem que se proclamava o Filho
de Deus.
Nazareno de origem humilde, ele realizara prodígios e conduzira multidões
atrás de si para ouvi-lo.
Ele falara sobre outro mundo, um mundo espiritual,
e sobre outro reino, um reino eterno.
Sua sabedoria a todos impressionara.
Operando milagres demonstrara a sua origem divina.
Por ter pregado o amor e o perdão num império alicerçado no ódio e na vingança, contrariou os interesses dos potentados de então. Vítima de calúnias e maledicências, acusado de conspirar e pôr em perigo o império romano decretou-se a sua morte na cruz, como castigo e para servir de exemplo para aqueles que se atrevessem a seguir os seus ensinamentos.
Naquele dia da injusta crucificação a cruz foi redimida.
De instrumento de vilipêndio passou a ser o símbolo da redenção, da fé inquebrantável,
da conformidade com a vontade divina.
Do opróbrio a cruz passou à grandeza, dignificada por ter sustentado em
seus braços o Filho de Deus.
Hoje respeitamos a cruz e nela vemos o símbolo do cristianismo.
E ela serve de simbolismo para todas as vicissitudes pelas quais passamos
ao longo da vida em que cada um de nós tem a sua própria cruz para
carregar.
Mais pesados ou aparentemente mais leves, cada pessoa carrega os seus problemas,
as suas angústias, as suas mágoas, as suas dores.
E felizes aqueles que aceitam a sua cruz pacientemente e, seguindo o exemplo
do Divino Mestre, sem revoltas e sem blasfêmias.
Felizes os que compreendem que a vida terrena é efêmera e enfrentam as dificuldades
com serenidade, com o espírito voltado para um outro mundo que nos foi prometido.
Sim, todos têm a sua cruz. E se nos ajudássemos reciprocamente
seria mais fácil carregá-las todas.
No Dia da Exaltação da Santa Cruz, seja esse o nosso propósito: dentro de nossas possibilidades ajudemos aqueles cujos fardos são pesados demais.
E reverenciando a cruz lembremo-nos daquele que a dignificou, transformando-a em símbolo de fé, de amor, de perdão e de redenção.
Lembremos de Jesus.
Do livro NOSSO ENCONTRO COM UBIRATAN LUSTOSA.
Instituto Memória Editora.
http://www.institutomemoria.com.br/detalhes.asp?id=176