DIA DA CRIANÇA

Ubiratan Lustosa


Tendo na agricultura um de seus principais esteios, nosso povo frequentemente se preocupa com as safras das quais dependem o fortalecimento da economia do País, a sua grandeza, o seu futuro.
Vibramos de alegria quando as safras são boas e a colheita abundante gera trabalho, estabilidade, bem-estar para o nosso povo e as necessárias divisas que obtemos através das exportações crescentes.
Amargamos horas de tristeza quando as intempéries, prejudicando nossas plantações, abatem o vigor das nossas safras e abalam a nossa economia que delas tanto precisa e tanto espera.
Somos um povo preocupado com a cultura da soja, do café, do algodão e do trigo, do milho e do rami, da cana de açúcar, do arroz e outros mais.

Seremos, também, um povo preocupado com a safra humana que é fruto nosso, composta por essas crianças que vêm sem pedir para este mundo cada vez mais hostil para quem chega?
Estaremos dando a elas as mesmas atenções que damos aos nossos vegetais?
Ao plantá-las, os semeadores de vidas terão os mesmos cuidados que os semeadores de plantas?
O meio em que germinarão estará sendo convenientemente preparado?
E quando brotarem para este mundo, também serão tão grandes as nossas preocupações em vê-las crescer fortes e saudáveis, com adequadas condições de sobrevivência?
Essas plantas, pequeninas e tenras, efetivamente estarão merecendo o carinho, o desvelo, as atenções de nossa sociedade?

Na verdade ainda é muito grande o número de crianças que não têm atendimento em suas necessidades básicas. Ainda há muitas crianças desnutridas. Os índices de mortalidade infantil, se bem que tenham sido reduzidos, ainda preocupam. Ainda há trabalho infantil e a assistência à infância deixa muito a desejar.

12 de outubro é o Dia da Criança.
Seja ele um dia de conscientização de todos nós sobre os deveres que temos com os pequeninos. Que se avive em nossas mentes a Declaração dos Direitos da Criança, proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1.959 e que em seu
Princípio Segundo preceitua: "A criança gozará proteção especial e ser-lhe-ão proporcionadas oportunidades e facilidades, por lei e por outros meios, a fim de lhe facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social de forma sadia e normal e em condições de liberdade e dignidade".
E mais adiante, no Princípio Quarto, essa declaração proclamada na ONU estabelece que "a criança terá direito a crescer, criar-se com saúde", e mais, "terá direito a alimentação, habitação, recreação e assistência médica adequadas".

Estaremos respeitando na íntegra os direitos da criança?
A sociedade brasileira pode olhar tranquila e orgulhosa para as crianças do Brasil?

12 de outubro - Dia da Criança.
Crianças que nascem louras como os trigais ondulantes, brancas como o algodão em flor, negras como a jabuticaba madura. São elas a safra da esperança desta nação, pois elas construirão um grande país... se viverem para tanto, se forem educadas para tal, se as prepararmos para isso.


Do livro NOSSO ENCONTRO COM UBIRATAN LUSTOSA
Instituto Memória Editora
http://www.institutomemoria.com.br/detalhes.asp?id=176