A NATUREZA FERIDA

Ubiratan Lustosa

 

A seca prolongada que atinge várias regiões brasileiras, trazendo tantos prejuízos e maltratando não apenas o homem do campo, mas também as populações das zonas urbanas é um alerta candente para todos nós: governantes e governados.

Por muito tempo devastamos nossas matas e, incauta ou maldosamente, derrubamos árvores de maneira indiscriminada e sem a reposição necessária.
Por ignorância ou ganância, até árvores que protegiam as cabeceiras dos rios foram abatidas em muitos lugares.
Criando desertos, agindo de maneira inconsequente, temos alterado o clima, provocando às vezes chuvas excessivas ou secas prolongadas em outras ocasiões. Quebramos o equilíbrio ecológico e, em decorrência de nossa ação devastadora, temos ocasionado a morte de um número imenso de animais.

A natureza tem suas leis.
Quando ferida, reage e castiga.
O homem pode servir-se dela, desde que a respeite.

Deus fez tudo certinho.
Deu-nos as matas cheias de aves e animais das mais variadas espécies.
Deu-nos o ar puro para respirarmos.
Deu-nos rios e mares com peixes em abundância.
Tudo bem feito, tudo equilibrado.
As chuvas tinham precipitação regular e benfazeja. Cavando o solo, em pequenas profundidades encontrávamos água adequada para o nosso consumo.
Era quase um paraíso.
Aí, o homem, imprudentemente, inconsequentemente, ambiciosamente, começou a alterar a natureza.
Derrubou árvores em demasia, destruiu florestas que eram verdadeiros pulmões da natureza. Criou vazios onde antes a vegetação era abundante.
E esqueceu de replantar.
Podemos usar os bens da natureza, mas é preciso que o façamos com parcimônia, com sabedoria, sem jamais esquecer a necessidade de reposição das árvores derrubadas.

Hoje, amargamos dias de angústia e sofrimento em função na nossa própria imprevidência. E já não adianta o falatório de sempre e a lentidão que caracteriza as autoridades. Não se pode mais esperar por ações governamentais que às vezes chegam tardiamente.
É preciso, mais do que nunca, com urgência, plantar árvores em profusão.
É necessário que as populações das cidades, grandes ou pequenas, através de clubes e entidades que as congregam, promovam mutirões de cidadania visando o plantio de árvores, especialmente as nativas e sem esquecer as cabeceiras e os cursos dos rios.
Esse é o caminho para estabilizarmos o clima e devolvermos à natureza os seus ciclos normais.
Essa ação patriótica será a nossa salvação.
Respeitando a natureza estaremos garantindo a nossa própria sobrevivência.

Do livro NOSSO ENCONTRO COM UBIRATAN LUSTOSA.
Instituto Memória Editora
.
http://www.institutomemoria.com.br/detalhes.asp?id=176