A FORÇA DO DIREITO.

Autor: Ubiratan Lustosa

Rui Barbosa, ao defender em Haia a prevalência da força do direito sobre o direito da força, traçou normas e indicou caminhos não apenas para o relacionamento entre as nações, mas descortinou para toda a humanidade uma forma de vida, um modelo de convivência, uma regra básica para ser seguida em todos os níveis. Lamentavelmente, parece que suas palavras ficaram enclausuradas no recinto daquela Corte Internacional e a Águia de Haia, que voou tão alto e viu horizontes tão amplos, não foi ouvida como seria de se esperar.

O que se tem visto por esse mundo, o que se vê por todos os lugares, é a força impondo-se ao direito e o direito enfraquecido por toda parte. Violam-se, com facilidade chocante, os mais sagrados direitos das pessoas e das nações, descumprem-se contratos e tratados, ignoram-se os preceitos do respeito – consagrados preceitos que, mesmo sem estarem escritos, eram reconhecidos e seguidos em outros tempos.

Já não é o homem comum que não honra a palavra dada, são nações que assim procedem, atropelando uma ordem que deveria ser intocável.
Estabelecida a premissa de que o fim justifica os meios, ignora-se a lei, agride-se a consciência, pisoteia-se a dignidade.

Em nome de uma idéia qualquer se fere e se mata. Quem diverge é apontado como inimigo e como tal deve ser eliminado. Para combater as idéias suprimem-se as pessoas. Para destruir pessoas destroçam-se nações.
Num quadro assim, as mais variadas formas de terrorismo tomam corpo, avolumam-se os atentados e em nome da justiça as injustiças mais cruéis são praticadas. Tudo porque foi esquecida a norma básica para o relacionamento entre os homens e as nações: a força do direito deve prevalecer sobre o direito da força.

Felizmente há resistências a esse estado de coisas. Felizmente há figuras exponenciais de nossos tempos a pregar, com a força de sua autoridade indiscutível, que o amor deve nortear as ações dos homens, que as reivindicações devem ser isentas de violência, que o respeito ao direito de outrem não é favor, mas um dever de todos e de cada um de nós, que quanto mais poder tiver um homem, tanto maiores obrigações ele terá perante a coletividade, que o cargo de mando deve ser exercido visando servir, que todos devemos respeitar-nos e amar-nos como irmãos.

Todo líder deve obter o respeito através do mais elevado espírito comunitário, do bom senso, da serenidade, da sinceridade, da franqueza, da clareza de seus enunciados, da cristalina pureza das suas ações.
Só assim teremos um mundo melhor. Só assim viveremos em paz e estaremos livres dos sobressaltos causados pelas idiossincrasias de “cowboys” destemperados.

Deus nos ajude!


(Visite o site www.ulustosa.com)