AS FESTAS DO PASSADO

Ubiratan Lustosa


(Em homenagem a Zélia Sell, na centésima apresentação do programa "Nossa História", na Rádio Paraná Educativa, tendo por tema nessa audição "As festas do passado")

 

Hoje eu vejo, saudoso, que o passado era uma festa.
A Curitiba pacata de outrora era por si só
um permanente motivo de alegria.
E vou lembrando as festividades que me contaram que havia antigamente, recordando em seguida as festas dos meus tempos de infância e juventude, de algumas das quais participei.

Para meus avós, era uma festa passear no bondinho de burros, o bonde de tração animal que heroicamente resistiu até 1913.
Minha mãe falava da festa que foi para ela a visita à estação da Rede Viação Paraná-Santa Catarina, na Praça Eufrásio Correia, para conhecer o trem, uma novidade barulhenta que a deixou impressionada.
Os anos foram passando, e os encontros festivos
foram realizados pelo "Grêmio das Violetas". Eram os românticos saraus freqüentados pela elite da bucólica Curitiba de então.
E como eram alegres as quermesses singelas que reuniam os paroquianos nas festas dos padroeiros.
A cidade foi crescendo. O carnaval passou a ser
o reinado da alegria, a festa inicialmente ingênua, com a realização do corso na Rua XV de Novembro, as batalhas de confetes e os animados bailes nos clubes em que os foliões saltitavam girando pelo salão. Vieram os blocos para participar da festa, entre eles o "Acadêmicos da Sapolândia", o "Mocidade Azul", o "Bola 7".
Curitiba teve ainda os áureos tempos do Cassino Ahú, onde artistas nacionais e internacionais se apresentavam para um público entusiasmado e festivo.
E vieram os bailes de gala nos clubes sociais, com grandes orquestras, entre elas a Orquestra do Genésio, atração do famoso "Chá da Engenharia". Outra que trouxe alegria a muitas festas de formatura foi a Orquestra do Maestro Angelo Antonello, que era o regente da excelente Banda da Polícia Militar o Paraná. E como eram lindas as festas de formatura em nossa Curitiba de outrora.
Veio, a partir dos anos 40, a festa das emissoras de rádio, com seus auditórios lotados e muita alegria para o povo nos anos de ouro da nossa radiofonia.

Essa sucessão de festividades, através dos anos, é que me faz pensar que o passado era uma festa nos tempos das serenatas, do "tostão" e do "mil réis", quando se podia caminhar livremente pelas ruas sob a luz do sol ou ao clarão da lua.

Os tempos passaram. Hoje, só nos resta recordar.

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(O programa "NOSSA HISTÓRIA" foi ao ar pela primeira vez em novembro de 2002. Lauro Grein Filho e o saudoso Wilson Bóia foram os primeiros entrevistados. Os arquivos desse programa são um relicário de informações sobre pessoas e fatos da nossa História. Para saber mais, visite o site www.nossahistoriaam630.cjb.net ).