AOS QUE DESEJAM O CAOS

Ubiratan Lustosa

Envio, hoje, um recado aos que desejam o caos.
Derrubem mais árvores, muitas árvores, todas elas.
Varram da face deste planeta o verde que teima em cobrir a nudez da terra. Acabem de vez com as florestas para que em seu lugar - na aridez do solo causticado pelo sol - não brote mais uma planta sequer. Transformem tudo em deserto.
Não haverá mais flores e se esquecerá para sempre o doce perfume das matas. Acabarão as revoadas de pássaros, morrerão os animais, pois não haverá sobreviventes no ambiente hostil por vocês criado.
Não teremos mais cascatas, esses véus de noiva que enfeitam a paisagem.
Os rios secarão e, com eles, sumirão os peixes que nos dão sustento.
Os ventos aumentarão sua força e as chuvas serão cada vez mais irregulares, ácidas, escassas de um lado e excessivas de outro.
Seco e erodido o solo negará as suas benesses, pois estará estéril, dolorosamente improdutivo.
E vocês, homens que desejam o caos, que não se importam com a natureza, que a maltratam e ferem e destroem, desaparecerão também da face da terra sem matas, sem água, sem alimentos e sem ar puro para ser respirado. Vocês sumirão também, para sempre, deste planeta que lhes foi dado com tantos recursos desvairadamente gastos, com tantas belezas criminosamente destruídas, com tantos dons de Deus irresponsavelmente dilapidados.

Sim. Continuem a derrubar árvores, indiscriminadamente, irresponsavelmente. Seu trabalho de destruição já mostra os seus efeitos.
A erosão já nos atormenta. As variações climáticas já nos espantam.
A irregularidade das chuvas já promove de um lado as secas que nos expõem aos incêndios que devastam, e de outro lado às enxurradas que destroem.
Na verdade vocês que vêm mutilando a natureza estão conseguindo sucesso. Vocês estão progredindo rapidamente em sua missão suicida. E muita gente nem nota a sua ação nefasta. Outros percebem e permanecem alheios, omissos, permitindo que vocês ajam impunemente.
Parabéns a vocês, destruidores da natureza, aniquiladores da terra, exterminadores da humanidade. Vocês estão vencendo.
Triste êxito, enganadora vitória, conquista inglória, porque vocês sofrerão com os demais, sumirão junto com os outros.
A esperança que resta para os que condenam a sua ação deletéria é que em tempo se detenha essa mão assassina que indiscriminadamente abate as árvores, que destrói florestas, que extermina a fauna, que polui os rios, que envenena os ares. Nossa esperança é que vocês, destruidores da terra, sejam detidos pela consciência ecológica que se forma pelo mundo afora. Consciência que está unindo aqueles que desejam legar aos seus filhos um planeta habitável.
Nossa esperança é que vença o bom senso e vocês que desejam o caos jamais concluam o seu trabalho.