AOS MESTRES, COM GRATIDÃO

Ubiratan Lustosa

Depois que os anos passam, de repente a gente se vê cheio de cicatrizes pelas lutas da vida, a pele curtida pelas intempéries da existência, o corpo cansado de tantas e tão duras jornadas. Então, numa pausa para a recordação a gente recolhe fragmentos espalhados pela memória e percebe com nostalgia que de cada professor que tivemos ficou uma lembrança marcante. E com tantos professores que se esforçaram pra ensinar a gente, como se pode, depois de tanto tempo, ainda lembrar de boa parte deles?

Eu lembro perfeitamente da minha primeira professora - Irmã Albertina - responsável pelos primeiros ensinamentos colocados em minha mente nos longínquos e saudosos seis anos. Dela me ficou a imagem da bondade, da meiguice, da ternura, quando pela primeira vez fui à escola no Colégio Sagrado Coração de Jesus, no antigo prédio da Avenida Iguaçu.
Depois foi a Irmã Amália, e dela recordo da energia, da disciplina rígida que contrastava com a tolerância da sua antecessora. Quando o colégio decidiu continuar educando apenas meninas eu fui para o Grupo Escolar Barão do Rio Branco, na Rua Brigadeiro Franco, e dele muitas professoras me deixaram saudade. Lembro de dona Índia, tão carinhosa e que nos deixou tão cedo, da competente dona Elvira Bley Falavinha, tão dedicada e tão boa.
No velho Ginásio Paranaense de tantas tradições, impossível não lembrar de Dilermando Reis, no Pré-Ginasial, do Professor Ribeiro que era o Diretor e nos abria as portas do latim. Mister Buttler que nos ensinava inglês, homem apaixonado pelo Brasil de cujos rios recolhia amostras em suas andanças pelo nosso país. Macedo, Figueiredo, Oswaldo Arns, Vítola, Mazarotto, Scardini, Bacila, Zanello, o meigo Bento Mossurunga, o grande Rosário Farani Mansur Guérios. Foram tantos professores, cada qual com suas características próprias, todos se esforçando para nos transmitir os conhecimentos de que a gente tanto carecia.
Depois a Universidade Federal do Paraná, a velha e gloriosa Faculdade de Direito trazendo à lembrança Ernani Cartaxo, Nelson Luz, Ildefonso Marques, Altino Portugal, Raul Gomes e outros mais.

Na verdade só com o passar dos anos a gente vai percebendo, pouco a pouco, a importância que nossos professores tiveram em nossas vidas. Só com o tempo a gente se dá conta de que um pouco de cada mestre ficou em nós, daquilo que aprendemos das matérias que nos ensinaram e das lições de vida que nos passaram sem a gente perceber.
Todos nós somos, em grande parte, produtos do trabalho dos nossos professores. Esses mestres abnegados que se sucederam foram moldando a argila, dando-lhe forma, resultando desse trabalho tudo o que agora somos, as forças de que dispomos para enfrentar a luta na grande arena da vida.
O trabalho dos professores completa o trabalho dos pais e um é tão dignificante quanto o outro.

Convido meus leitores para homenagearmos os professores, esses heróis que optaram pelo magistério, enfrentando dificuldades sem conta, incompreensões frequentes, ingratidões inúmeras.

Deus abençoe os professores, almas escolhidas que têm a missão sublime de transmitir o conhecimento, de formar os homens do futuro, de iluminar a mente e forjar o caráter de seus alunos.
Deus os abençoe abnegados mestres, dando-lhes forças para prosseguirem a caminhada, nem sempre de flores e não raro cheia de espinhos.
Vocês, professores, ajudam a construir a grandeza do nosso país.

Do livro NOSSO ENCONTRO COM UBIRATAN LUSTOSA.
Instituto Memória Editora.
http://www.institutomemoria.com.br/detalhes.asp?id=176