AMOR E PAIXÃO

Autor: Ubiratan Lustosa

Se nós olhássemos as outras pessoas e víssemos nelas criaturas de Deus, certamente as respeitaríamos convenientemente e, mais do que isso, iríamos amá-las com desprendimento. O relacionamento humano seria bem mais elevado, as divergências seriam desfeitas com dignidade e, em consequência, o mundo seria bem melhor.

Todas as criaturas são um sinal de Deus, e por elas podemos descortinar a grandeza, o poder, a sabedoria divina que é infinita.

Sob esse conceito jamais poderemos desejar o mal aos outros. Ao contrário, ficaremos felizes com a felicidade das outras pessoas.
E, sob essa ótica, não cabem as violências com as pessoas amadas. E revigora-se a tese: quem ama não mata!

Por certo não é saudável o amor de quem fere ou destrói o ser amado.

A saúde do amor é caracterizada pela generosa doação sem nada se exigir em troca.

O amor pressupõe desprendimento, dedicação, entrega, um permanente esforço para fazer feliz a criatura amada.

O zelo caracteriza o amor. O ciúme é característica da paixão.

O amor é dócil, tranqüilo como a superfície dos lagos.

A paixão é violenta, agitada como os mares procelosos.

O amor preserva a vida e quem ama cerca de cuidados a pessoa amada.

A paixão, com freqüência, conduz à morte, e quem está apaixonado envolve em ameaças a pessoa objeto do seu querer.

O amor é caminho largo e claro. A paixão é viela escura.

O amor é saúde. A paixão é doença. Muitos os confundem e, por isso, há tantos desvios e tantas violências. Substitui-se o carinho pelos maus tratos, troca-se o respeito pela ofensa, e ao invés de se cantar um hino de louvor à vida entoam-se loas enaltecendo à morte.

É preciso que respeitemos a todas as pessoas, especialmente aquelas a quem amamos.

Todo afeto deve ser saudável e ter características construtivas. Isso obteremos vendo nas pessoas criaturas de Deus criadas, como nós, a Sua imagem e semelhança.

Por amor a Deus, dedicar-nos-emos e nos doaremos.

Por amor a Deus, faremos de nós mesmos uma oferenda às pessoas amadas, procurando o seu bem, a sua felicidade, aceitando e respeitando a sua personalidade, compreendendo as suas falhas e deficiências.

E agindo assim, há entendimento, ternura e respeito.

E a violência não tem vez e o crime não existe.

É por esse amor que devemos propugnar.

É esse amor que devemos enaltecer!


(Do livro "NOSSO ENCONTRO", coletânea de crônicas radiofônicas de Ubiratan Lustosa).