AÇÃO E OMISSÃO

Ubiratan Lustosa

 

As falhas da nossa vida, pelas quais um dia responderemos, muitas vezes se devem a atitudes que tomamos impensadamente ou movidos por sentimentos sem nobreza.
Às vezes, agimos impulsionados pela cobiça, pela busca insana do poder, pelo desejo desmedido de sucesso e fortuna. Na ânsia de vencer, talvez cometamos injustiças. Preocupados em alcançar mais poder ou obter mais riqueza, talvez esqueçamos a caridade cristã e o respeito ao próximo. Empolgados com as coisas deste mundo, relegamos a plano secundário e até esquecemos do nosso lado espiritual, da nossa finalidade como seres humanos. Transformamos Deus numa simples palavra, num Ser distante ao qual só recorremos em momentos de dificuldades e angústias. Nossos atos, nossas ações, em tais casos, são motivo de merecermos a reprimenda não só da nossa consciência, mas também do Tribunal Divino ao qual compareceremos um dia.

Não obstante, nem sempre é o que fazemos que nos coloca num estado de imperfeição e de débito perante o Criador. Muitas vezes, é o que deixamos de fazer que constitui a nossa falha. A nossa omissão na busca pelo bem, é uma falha.
Seja no nosso próprio aperfeiçoamento, no nosso caráter, na nossa religiosidade, ou seja no nosso relacionamento com as demais pessoas, poderemos ser omissos, deixando de ser melhores quando sabemos que poderíamos ser.
Ao executarmos um determinado trabalho para o qual temos aptidões, se podemos melhorar o nosso desempenho e não o fazemos, estamos sendo omissos.
Se temos qualidade e preparo para ensinar e não ensinamos, estamos sendo omissos.
Se temos talento para falar, para escrever, para comunicar, e não falamos, não escrevemos, não comunicamos, estamos sendo omissos.
Se podemos ser melhores como cônjuges, pais ou filhos, e não o somos, quando isso está ao nosso alcance, estamos sendo omissos.
Se temos espírito de liderança, de comando, e podemos com algum esforço liderar e comandar, mas não o fazemos, estamos sendo omissos.
A nossa recusa em cumprir um ato da melhor maneira, em ser melhores do que somos, não é boa atitude, porque estamos usando mal as qualidades que nos foram dadas por Deus. Essa recusa se constitui, assim, numa falta de generosidade motivada pelo egoísmo, pela preguiça, pela mesquinhez, pelo apego à comodidade, e tudo isso nada mais é do que uma imperfeição.

Conscientizados de que a nossa passagem pelo mundo é rápida, mas não é sem motivo, cientes de que aqui estamos para amar e servir a Deus e que nos será pedido conforme nos foi dado, vamos exercitar plenamente os nossos talentos e as nossas capacidades. Vamos procurar ser úteis à coletividade, melhorar a nós mesmos, num trabalho permanente de aperfeiçoamento.
Assim, cumpriremos, efetivamente, a nossa missão terrena, o que nos dará a tranqüilidade de consciência da qual se precisa para enfrentar, um dia, o grande Tribunal que a todos espera, o Tribunal em que Deus - que é bom, mas também é justo - é o grande e eterno Juiz.


(Do livro "NOSSO ENCONTRO"
e do site www.ulustosa.com)